quarta-feira, 27 de maio de 2020

Verso de Fausto Bordalo Dias

Lembra-me um céu aberto outro fechado

Pequeno Guia de um Vagabundo Recluso

“(..)O melhor antídoto para a contenção, a resposta aos moralizadores patenteados, é embarcar numa longa marcha. Foi o que Thoreau sempre fez – e seu ensaio Walking (caminhada) é inspirador. Caminhar era também a paixão (do poeta inglês) William Wordswoth (que aos 70 anos, ainda subia ao Helvelyn, o topo do Lake District no Nordeste da Inglaterra). Na sua juventude, o realizador Werner Herzog partiu para percorrer 800 quilómetros a pé, de Munique a Paris, até à cabeceira da sua amiga Lotte Eisner, famosa crítica de cinema. “O turismo é um pecado mortal, mas caminhar é uma virtude”, diria ele mais tarde.
A marcha não é proibida pelo Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) nem pelo Governo (norte-americano). É uma expressão de liberdade absoluta e pode ser praticada sozinha, em total segurança, perto de casa, ou em solidão fora das cidades. Uma das grandes vantagens de caminhar é que nos dá tempo para reflectir – sobre as nossas vidas, o nosso destino, o estado do mundo, e para pôr a nossa mente em ordem. O preceito latino Solvitur ambulando é o nobre lema do pedestre: “É caminhando que se encontra a solução.”

Paul Theroux. in The Wall Street Journal, publicado em Courier Internacional, Junho 2020.