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Esboço I |
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Esboço III |
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Esboço II |
"Os primeiros desenhos são
difíceis. Os esquissos são duros", diz o autor deles. E desenhar inicialmente os primeiros esquissos, esboçar alguma
coisa na folha em branco bem podia ser uma luta declarada contra bloqueios, um
desafio assumido, uma luta árdua connosco e com o branco do papel. Desenho após
desenho, traço após traço, esquissos devassados e destruídos uns atrás dos outros. E o tema? Ir de
encontro à ideia de estarmos isolados na cidade, as ruas tomadas pelos carros, a loucura automóvel que tomou conta de nós, das cidades, dos passeios e dos lugares mais pequenos. E, por instantes, a rapidez, a pressão, os
prazos, os telefonemas, as mensagens no telemóvel: “Olha, posso falar-te rapidamente do desenho”, a eclodir, a entrar de mansinho pela caixa do
correio electrónico. Escutam-se, com toda a certeza, as novas explicações do autor: “Parte
duma convergência com uma "desconversa" com o Tomás, em que se falava da cidade
auto-estrada, sem espaço para os peões. Um nova realidade citadina que agora transita cada vez
mais para os Açores”. Os pedidos feitos de uma ilha para outra, a rapidez tecnológica a funcionar, as mensagens novamente deixadas no chat: “Vá lá, despacha-te, ó
criador!”. Sabendo de antemão que dali só podia vir coisa trabalhada,
esmiuçada, garantia da dedicação, do empenho e do esforço. E, aí vem mais uma deriva, mais uma conversa, mais um detalhe sobre o trabalho encetado: "Perceber onde estão os limites e como te sentes perante eles. Algo assim do género. O
barco virado como telhado, uma casa que não anda, um desejo de partir, e um
oceano de peixes mas que não são de comer”. Por fim, o trabalho e o dever cumprido da arte final: “É pá, os esquissos são meios duros, mas foi a partir daqui…tinha mais um, mas estava já
devassado com outras coisas...”. Ufa, companheiro, já se pode realizar a capa. Valeu todo este trabalho, claro que valeu, Luís!