quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

2015: Entre as Sombras e a Luz

        Um ano passou e com ele os doze meses findaram. Partem assim sem querer mais nada com a gente. Continuaremos daqui a pouco, certamente, com a energia de sempre. Poderia ter gostado muito deste ano, mas há igualmente coisas para lembrar e outras para esquecer, semelhante a todos os outros anos. É sempre assim: desviemo-nos do supérfluo, o essencial permanecerá. Após destrinça, ficam as leituras de poemas de Alexandre O´Neill, Sophia, Ruy Belo, José Miguel Silva, Karmelo C. Iribaren, Leonardo, Marta Chaves, João Habitualmente, Joaquim Castro Caldas, Emanuel Félix, Rui Duarte Rodrigues, João Paulo Esteves da Silva, o recém desaparecido Herberto Hélder, entre tantos outros, lidos nas noites de poesia da Tascà. Segundo, as coisas boas do ensaio literário que me vieram ter às mãos: os livros de Alberto Manguel, deliciosos de ler, sorver, assim mesmo quando o prazer inicial da leitura se renova, ou ainda a curiosidade por ler e ouvir o filósofo esloveno, Slavoj Žižek. Pelo lado dos ouvidos, a música, cada vez mais sons em palco e em escuta:  a dupla Medeiros/Lucas no Teatro Faialense, dois príncipes da Atlântida que compuseram um “Navio” lindíssimo de ver ao vivo ou a ouvir enquanto se olha o mar. A presença de Zeca Medeiros na escola, os concertos na sede do Sporting da Horta e as respectivas recensões semanais para o Múma - Música em Março, no Tribuna das Ilhas, Ilha do Faial. Ainda o maravilhoso concerto de Mbye Ebrima na Academia das Artes, em Ponta Delgada, Ilha de São Miguel. E também a audição da música de Dan Bejar, vocalista dos Destroyer, Selah Sue, Rodrigo Amarante e o surpreendente Benjamin Clementine. A publicação de dois poemas meus no Capítulos B, uma colectânea de poesia organizada pelo Luís Andrade com poetas a residir nos Açores. Os poemas eleitos para constar da súmula foram: “Uma Mulher em Férias é Bonita” e “A Melancia no Feno da Páscoa”. Este foi o ano em que voltamos a apresentar três capítulos (Ginecomagia, Tarantoterapia e Enomátria) das “Charlas Quotidianas do Doutor Mara”, postos nas tábuas do “palco” do Auditório ao Ar Livre da Biblioteca Municipal da Horta com as interpretações de Tiago Vouga e Aurora Ribeiro, replicando a representação por mais duas vezes para uma audiência de 150 pessoas. Foi também o tempo em que o cinema regressou ao ecrã do computador ou à televisão, por isso recorde-se "Nebraska", de Alexander Payne, "The Kid", de Charlie Chaplin, "Sinédoque - Nova Iorque", de Charlie Kaufman ou a curta-metragem "O Triângulo Dourado", de Miguel Clara Vasconcelos. Deve-se também guardar na memórias as viagens e as paisagens do Vale das Furnas, em São Miguel, o Vulcão dos Capelinhos e a Baía de Porto Pim, na Ilha do Faial, e a Fajã Grande, na Ilha das Flores. Por último, o maravilhoso jardim António Borges, em Ponta Delgada, que o funcionário Paulinho me deu a conhecer nas suas árvores mais do que centenárias, frondosas e vistosas – jacarandás, plátanos araucárias, bambu preto da China, figueiras australianas, eucalipto-limão, entre tantas outras. Tudo o resto é do domínio do indizível. Um feliz 2016!