sexta-feira, 29 de julho de 2016

O Pulcro Silêncio de "Clarissas" de André Laranjinha


Fotograma de "Clarissas" de André Laranjinha
André Laranjinha apresentou, ontem à noite, no 9500-Cineclube, no Cine-Solmar, a curta metragem "Clarissas". Num trabalho conjunto, pois contou com a colaboração de Maria Emanuel Albergaria e do Museu Carlos Machado, o autor deste documentário obteve carta branca para filmar no interior do Mosteiro de Nossa Senhora das Mercês, nas Calhetas de Rabo de Peixe. Ao longo de vinte e oito minutos assistimos ao desenrolar da vida de clausura de oito freiras da Ordem Franciscana Feminina, único no arquipélago dos Açores. Num registo fílmico marcado pelo silêncio e contemplação, acompanhamos estas mulheres em oração, vemos o seu trabalho no jardim e na horta, a forma como cuidam dos animais (um "Leão" que só sai à noite!) e ainda a sua dedicação religiosa, bem presente na realização de hóstias para a comunidade católica açoriana.Clarissas” só tem um senão, é curto, daí tornar-se um documentário muito peculiar, dada as suas imagens inéditas e registos orais, contendo planos muito bem definidos e com o devido apreço sobre quem e como se filma. André Laranjinha sabe dominar a arte do enquadramento, filmando planos gerais com muito rigor (a imagem do conjunto das freiras em oração é magistral!) ou aquele contido e belíssimo plano médio de uma freira no seu quarto a ler. Este sabe que cada plano é uma entrada para esse mundo narrativo e estético que nos quer mostrar, exigindo que cada escolha seja certeira, confirmando deste modo que, para além da elegância da montagem, este filme contém muito boas ideias de cinema, pois, à semelhança do que escreveu uma personalidade que lhe é tão cara, Paulo de Cantos,“quem tem cabeça traz tudo o que é bom consigo”.

Ontem, escrito numa parede da cidade

"É possível produzir tomates e rabanetes em Marte."