quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

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        "Lembro-me de que na escola se aspirava a alcançar a objetividade. As tarefas tinham um início e um fim, os testes eram classificados e havia normas de comportamento. Caminhar tem a ver com outra coisa. Podemos atingir o nosso objectivo, mas continuar a caminhar no dia seguinte. Uma caminhada pode durar a vida inteira. Podemos caminhar numa direcção e acabar no ponto de partida."


Erling Kagge, in "A Arte de Caminhar", Quetzal, 2018.

Da Educação

A educação é a arma mais poderosa para transformar o mundo
Nelson Mandela, líder político sul-africano.

2018: Até ao esquecimento...


      Sobram pela mesa tantos livros por ler, todo o cinema que em viagem não foi possível ver – vi o rude Dogman, de Matteo Garrone e o tocante Shoplifters - Família de Pequenos Ladrões, de Hirokazu Koreeda (e, como eu queria tanto ter visto Roma, de Alfonso Cuarón), tal a indecisão do que transportar ou trazer na mala de cada viagem realizada assim vão comigo até ao esquecimento estas palavras e frases escritas na agenda. Depois, foi só deixar levar pelas canções da grande revelação do ano que já foi: Aldous Harding. A satisfação pela participação na peça Cortado por Todos os Lados, Aberto por Todos os Cantos, direcção geral de Gustavo Ciríaco, que contou com o núcleo duro: Tiago Barbosa, Sara Zita Correia, Rodigo Andreolli, Ana Trincão e ainda um grupo alargado de voluntários/atores a viver em São Miguel. Digno de registo, por alturas do Walk and Talk, o superlativo espectáculo intitulado Romance, da coreógrafa e bailarina, Lígia Soares. A trepidação e resgaste dos Três Tristes Tigres no Tremor, a intensidade de Medeiros/Lucas no Teatro Micaelense e a alegria dos Fogo Fogo no Burning Summer Festival, em Porto Formoso. As noites de música a solo no 3/4 ou em forma de Duo Arco Negro, Galeria Arco 8, com Dj Fellini. A edição e apresentação da FALTA nº0 e 1 com o desenho gráfico de Júlia Garcia e a cumplicidade do André, Luísa, Blanca, ainda a colaboração de tanta, tanta gente. A memória do cinema através do projecionista José Castelo, a conivência e partilha dos filmes de Rafaelle Brunetti e de Federica di Giacomo no Auditório da Lira do Rosário, na Lagoa. A partida de Bruno da Ponte que vai deixar saudades – teremos muitos mais editores assim? - as leituras dos livros de Raul Brandão, Alberto Manguel, A Arte de Caminhar, de Erling Kagge, as crónicas de Rui Tavares no Público e de Henrique Bento Fialho na Antologia do Esquecimento. As fotografias de Gianni Berengo Gardin, Vivian Meyer, Pepe Brix ou de Carlos Olyveira. A poesia de João Habitualmente, Rui Miguel Ribeiro, Vasco Gato, Karmelo C. Iribaren ou Judite Canha Fernandes. O Hálito Azul, de Rodrigo Areias, que estreou, finalmente, no Porto Post Doc, com todos os intervenientes em palco no final do filme. A contínua e acesa troca epistolar com Janeiro Alves. A Serra Devassa que apenas inundou de beleza o nosso olhar viajante e ansioso. Um futuro 2019 pleno de folia!