Sobram pela mesa tantos livros por ler, todo o cinema que em viagem não foi possível
ver – vi o rude Dogman, de Matteo Garrone e o tocante Shoplifters - Família de Pequenos Ladrões,
de Hirokazu Koreeda (e, como eu queria tanto ter visto Roma, de Alfonso Cuarón), tal a
indecisão do que transportar ou trazer na mala de cada viagem realizada assim
vão comigo até ao esquecimento estas palavras e frases escritas na agenda. Depois, foi só
deixar levar pelas canções da grande revelação do ano que já foi: Aldous Harding. A satisfação pela participação na peça Cortado por Todos os Lados, Aberto por Todos os Cantos, direcção geral de Gustavo Ciríaco, que contou com o núcleo duro: Tiago Barbosa, Sara Zita Correia, Rodigo Andreolli, Ana Trincão e ainda um grupo alargado de voluntários/atores a viver em São Miguel. Digno de registo, por alturas do Walk and Talk, o superlativo espectáculo intitulado Romance, da coreógrafa e bailarina, Lígia Soares. A
trepidação e resgaste dos Três Tristes Tigres no
Tremor, a intensidade de Medeiros/Lucas no Teatro Micaelense e a alegria dos Fogo Fogo no
Burning Summer Festival, em Porto Formoso. As noites de música a solo no 3/4 ou
em forma de Duo Arco Negro, Galeria Arco 8, com Dj Fellini. A edição e apresentação da FALTA nº0 e 1 com o desenho gráfico de Júlia Garcia e a cumplicidade do André, Luísa, Blanca, ainda a colaboração de tanta, tanta gente. A memória do cinema através do
projecionista José Castelo, a conivência e partilha dos filmes de Rafaelle
Brunetti e de Federica di Giacomo no Auditório da Lira do Rosário, na Lagoa. A partida do editor Bruno da Ponte que vai
deixar saudades – teremos muitos mais editores assim? - ainda as leituras dos livros
de Raul Brandão, Alberto Manguel, A Arte de Caminhar, de Erling Kagge, as crónicas de Rui
Tavares no Público e de Henrique Bento Fialho na Antologia do Esquecimento. As fotografias
de Gianni Berengo Gardin, Vivian Meyer, Pepe Brix ou de Carlos Olyveira. A poesia de João Habitualmente, Rui Miguel Ribeiro, Vasco Gato, Karmelo C. Iribaren ou Judite
Canha Fernandes. O Hálito Azul, de Rodrigo Areias, que estreou, finalmente, no Porto Post Doc, com todos os intervenientes em palco no final do filme. A contínua e acesa troca epistolar com Janeiro Alves. A Serra Devassa que
apenas inundou de beleza o nosso olhar viajante e ansioso. Um futuro 2019 pleno de folia!