quarta-feira, 21 de junho de 2017

Jacques-Yves Cousteau: A Odisseia que nos Espera!

Ilustração de Pedro Valim



            Jacques-Yves Cousteu faleceu a 25 de Junho de 1997, aos 87 anos. Fará agora vinte anos após o seu desaparecimento. Foi o maior oceanógrafo e um "fanático" da conservação dos oceanos. Foi oficial da marinha francesa, realizou centenas de documentários para a televisão, tornou-se globalmente conhecido pelos seus trabalhos e investigações a bordo do Calypso e deixou uma legião de fãs e admiradores. Falta hoje gente como o Cousteau para mostrar o que se passa no fundo dos oceanos. Esses fundos dos mares carregados de lixo marinho e onde há mesmo ilhas de plástico. Andou pelos Açores e disse coisas como esta: "O mar é o esgoto universal". O Calypso esteve nas ilhas açorianas a estudar a corrente do golfo e tudo o que se relacionava com a preservação das espécies e conservação dos oceanos. Este grande divulgador e explorador dos oceanos tem um filme nas salas de cinema que narra a sua vida e exemplo para que assim possamos ver e reflectir: "A Odisseia", de Jerôme Salle.  

Na Esteira do Sol

         "São três horas da tarde. No mar grandes chapadas de prata na esteira do sol, que no areal reverbera e ofusca. Julho. Nortada rija enchendo a boca de areia e salpicos de espuma amarga. Doirado e verde. O quadro é tão largo que se perdem as minúcias: concentro-me neste pedaço de areia de uns poucos de quilómetros afogado em luz e agitado de vida, no azul do céu  e na onda que esconcha e estoira, repercutindo-se em som e espalhando-se em pó esverdeado. Reverberação de sol, poeira e água luminosa que vibra e estremece. Alarido de mulheres que saem aos cardumes dos palheiros. Içam-se os pendões, chamando mais gente para o peixe. Grupos, cordões humanos, gente das aldeias que acode à catraia. Um barco sai do alto da onda, outro regressa. - É agora! É agora!"

in Os Pescadores de  Raul Brandão, 1924, edição Livrarias Ailaud e Bertrand Paris-Lisboa.