quinta-feira, 28 de abril de 2016

Maio, Aventado, Maio

Maio é o mês mais belo, ultrapassando assim em beleza os restantes meses do ano inteiro. Quatro letras apenas compõe o nome deste mês que consolida uma Primavera há muito ansiada. Espantados ficamos com a subida da temperatura e o abandono da roupa que passamos a deixar nos armários. Adeus casacos e gorros nessa partida e um até pró ano. Eis que somos surpreendidos com tamanha fecundidade da natureza em redor, o irromper das flores em abundância, o despontar dos frutos e o irradiar da luz. Alegres ficamos na presença dos dias que permanecem maiores, dilatando o tempo ao sabor das horas, proporcionando crepúsculos inolvidáveis.
Agora que Abril parte e nos lega esta enorme promessa, abrimo-nos aos sentidos e à luz, espevitamos os aromas e odores, o gosto refina-se e aproveitamos por tactear a vida que pulsa, o desabrochar dos tecidos. O final de Abril já antevia em demasia a comparência dos cravos, anunciando também crisântemos, orquídeas, gladíolos e rosas, tal é a abundância, a fartura, e a riqueza floral. E depois deliciamo-nos com os frutos da época, procurando no mercado maçãs, ameixas, laranjas, ou o quintal de amigos para saborear as nêsperas, esse fruto que rebenta em polpa nos lábios e devolve o sabor desta primavera reiterada.
Só em Maio é que poderia existir um dia dedicado ao prazer do silêncio.