terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Tipografia Micaelense: A Aventura Continua


         
Ilustração de Mário Roberto
A Tipografia Micaelense está situada na Rua do Castilho, com o número 33B, em pleno centro histórico da cidade de Ponta Delgada. À passagem pela sua porta, o seu reclamo sugere de imediato curiosidade a quem sempre nutriu gosto e encanto pelo mundo das artes gráficas. Ao entrar, respira-se um ambiente de papel e máquinas que se assemelha a um repositório de vivências e memórias que não somos capazes de decifrar à primeira. É preciso, por isso, dar tempo ao tempo e dois passos em frente para nos abeirarmos da recepção e absorver o cheiro das máquinas e objectos ali presente. Num expositor do lado esquerdo estão, de forma ordenada, algumas das relíquias gráficas que a designer Júlia Garcia, tem desenhado e composto por ali com a ajuda do pessoal da casa. É esta designer quem irá discorrer, algumas horas depois, sobre esse universo tipográfico, os mistérios e encantamentos de cada gaveta, a revelação de antigas técnicas de impressão nos tipos ali guardados, bem como do trabalho manual que é necessário para cumprir cada tarefa ou a vontade que é partilhar esses conhecimentos ancestrais com diferentes pessoas que ali aportam. E o que é um facto é que cada vez mais gente nova ligada às artes gráficas e outros curiosos passam por ali e assistem espantados ao imaginário de subtilezas que importa conhecer e voltar a (re)descobrir. A porta, pelo menos, está aberta a quem decida aventurar-se naquela "catedral de conhecimento gráfico".
       Fundada em 1947, a Tipografia Micaelense faz parte desse património vivo que urge ser recuperado e novamente valorizado, sendo actualmente pertença de alguém que, com cuidado, orgulho e dedicação, tem sabido que este é de novo o tempo de misturar e voltar a dar: Dinis Botelho. É, sobretudo, ele, um homem que trabalha há muitos anos em tipografias, quem conta como agarrou em mãos esta antiga casa, em estado de pausa e desuso, e com a sua direcção e labor, irá completar este ano duas décadas de funcionamento contínuo e abertura ao público. A seu lado, está o seu companheiro de ofício de longa data - Eduardo Furtado. Dinis Botelho conta também que os primeiros dez anos não foram fáceis, já que serviram essencialmente para pagar o investimento e manutenção, sendo um período de muito empenho e esforço, algo que pertence a muitos dias e noites de entrega às canseiras e dificuldades. Hoje, a Tipografia Micaelense funciona apenas em offset, ainda que esteja por ali uma Heidelberg muito antiga e demais máquinas de outros tempos, e foi dessas subtilezas relacionadas com as artes gráficas do passado, que saíram recentemente a capa do livro “Os Caminhos do Chá”, um extraordinário catálogo de divulgação da exposição organizada pelo Museu Machado de Castro, ainda em exibição, a bonita "Agenda Luz de 2016", trabalho realizado na íntegra no espaço da Tipografia por um grupo alargado de pessoas, com Júlia Garcia à cabeça, recorrendo também ao offset,  mantendo técnicas de impressão antigas na capa e nas artes finais. Curiosamente, na última sexta-feira, assistimos ao lançamento de “Haikus de Passage”, da francesa, Elga Martin, que nos ajudou também a compreender e confirmar o que já todos sabíamos: a Tipografia Micaelense está viva, vivinha e, por sinal, bem “requinha”!

Tipografia Micaelense: A Aventura Continua


         
Ilustração de Mário Roberto
A Tipografia Micaelense está situada na Rua do Castilho, com o número 33B, em pleno centro histórico da cidade de Ponta Delgada. À passagem pela sua porta, o seu reclamo sugere de imediato curiosidade a quem sempre nutriu gosto e encanto pelo mundo das artes gráficas. Ao entrar, respira-se um ambiente de papel e máquinas que se assemelha a um repositório de vivências e memórias que não somos capazes de decifrar à primeira. É preciso, por isso, dar tempo ao tempo e dois passos em frente para nos abeirarmos da recepção e absorver o cheiro das máquinas e objectos ali presente. Num expositor do lado esquerdo estão, de forma ordenada, algumas das relíquias gráficas que a designer Júlia Garcia, tem desenhado e composto por ali com a ajuda do pessoal da casa. É esta designer quem irá discorrer, algumas horas depois, sobre esse universo tipográfico, os mistérios e encantamentos de cada gaveta, a revelação de antigas técnicas de impressão nos tipos ali guardados, bem como do trabalho manual que é necessário para cumprir cada tarefa ou a vontade que é partilhar esses conhecimentos ancestrais com diferentes pessoas que ali aportam. E o que é um facto é que cada vez mais gente nova ligada às artes gráficas e outros curiosos passam por ali e assistem espantados ao imaginário de subtilezas que importa conhecer e voltar a (re)descobrir. A porta, pelo menos, está aberta a quem decida aventurar-se naquela "catedral de conhecimento gráfico".
       Fundada em 1947, a Tipografia Micaelense faz parte desse património vivo que urge ser recuperado e novamente valorizado, sendo actualmente pertença de alguém que, com cuidado, orgulho e dedicação, tem sabido que este é de novo o tempo de misturar e voltar a dar: Dinis Botelho. É, sobretudo, ele, um homem que trabalha há muitos anos em tipografias, quem conta como agarrou em mãos esta antiga casa, em estado de pausa e desuso, e com a sua direcção e labor, irá completar este ano duas décadas de funcionamento contínuo e abertura ao público. A seu lado, está o seu companheiro de ofício de longa data - Eduardo Furtado. Dinis Botelho conta também que os primeiros dez anos não foram fáceis, já que serviram essencialmente para pagar o investimento e manutenção, sendo um período de muito empenho e esforço, algo que pertence a muitos dias e noites de entrega às canseiras e dificuldades. Hoje, a Tipografia Micaelense funciona apenas em offset, ainda que esteja por ali uma Heidelberg muito antiga e demais máquinas de outros tempos, e foi dessas subtilezas relacionadas com as artes gráficas do passado, que saíram recentemente a capa do livro “Os Caminhos do Chá”, um extraordinário catálogo de divulgação da exposição organizada pelo Museu Machado de Castro, ainda em exibição, a bonita "Agenda Luz de 2016", trabalho realizado na íntegra no espaço da Tipografia por um grupo alargado de pessoas, com Júlia Garcia à cabeça, recorrendo também ao offset,  mantendo técnicas de impressão antigas na capa e nas artes finais. Curiosamente, na última sexta-feira, assistimos ao lançamento de “Haikus de Passage”, da francesa, Elga Martin, que nos ajudou também a compreender e confirmar o que já todos sabíamos: a Tipografia Micaelense está viva, vivinha e, por sinal, bem “requinha”!