quinta-feira, 24 de maio de 2018
Última Ciência de Herberto Helder
Ninguém
sabe se o vento arrasta a lua ou se a lua
arranca
um vento às escuras.
As
salas contemplam a noite com uma atenção extasiada.
Fazemos
álgebra, música, astronomia,
um
mapa
intuitivo
do mundo. O sobressalto,
a
agonia, às vezes um monstruoso júbilo,
desencadeiam
abruptamente
o ritmo.
-
Um dedo toca nas têmporas, mergulha tão fundo
que
todo o sangue do corpo vem à boca
numa
palavra.
E
o vento dessa palavra é uma expansão da terra.
Herberto
Helder in Ofício
Cantante, Poesia Completa, Assírio & Alvim,2009.
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