quarta-feira, 13 de julho de 2016

Sala de Embarque: Oitavo Ensaio

Fotografia de Carlos Olyveira
Estamos diariamente gratos ao Pedro Bento da Galeria Arco Oito, pela disponibilidade com que nos cede este barracão para preparar este espectáculo que pretendemos levar ao público em Agosto. E acontece que enquanto ensaiamos há pessoas que entram para espreitar e ver o que se passa por ali ou, simplesmente, fazer perguntas. Há dias, foi o caso do simpático irlandês, Steve, professor de inglês em Estocolmo (Suécia) e que veio interrogar-nos se podia beber um mojito antes do jantar. Após conversar connosco, revelou-nos que tinha lido a sugestão num artigo no jornal britânco “The Guardian”. Ele não sabia que a Galeria Arco 8 existia há trinta anos, há dez naquela freguesia de Santa Clara, e que pautou o seu encontro com o público pela surpresa, pela criatividade e originalidade. À altura da sua criação começou por ser um espaço dedicado artes plásticas mas logo se abriu a diferentes artes, sensibilidades e público. Hoje é um nome incontornável na oferta cultural e nas noites alternativas da ilha.
E no oitavo ensaio o texto fluiu…soltou-se, ninguém estava à espera, tal a surpresa, nenhum de nós queria acreditar que esta nossa empreitada cresce, levanta voo, entra em velocidade de cruzeiro. Ganha vida, autonomia. Aqui encontramos Liliana Janeiro, incansável, alinhando as notas, apresentando sugestões ao grupo, insistindo nas repetições das cenas e marcações.Aqui constatamos a proximidade entre o que chamamos vida e o teatro, isto é a vida que entra nas artes do palco e aquilo que há de “teatral” na vida. Todos nós sentimos que o teatro existe no presente ou não existe. Agora já não podemos voltar atrás. Ontem, vimos  os primeiros frutos do trabalho efectuado, os resultados começam agora aparecer. E terminámos o ensaio satisfeitos.

As Amoras de Sophia de Mello Breyner Andresen

O meu país sabe as amoras bravas
no verão.
Ninguém ignora que não é grande,
nem inteligente, nem elegante o meu país,
mas tem esta voz doce
de quem acorda cedo para cantar nas silvas.
Raramente falei do meu país, talvez
nem goste dele, mas quando um amigo
me traz amoras bravas
os seus muros parecem-me brancos,
reparo que também no meu país o céu é azul

Sophia de Melo Breyner Andresen

Festival de Balões de Ar Quente da Ribeira Grande

Fotografia de Carlos Olyveira