Germano de Almeida (Foto Rui Maio) |
"-Qual foi a reacção da
sociedade cabo-verdiana à sátira implícita no "Testamento do Senhor
Napumoceno"?
Germano de Almeida: Muito boa. As edições cabo-verdianas naquela altura
rondavam os trezentos exemplares. Nós decidimos fazer uma edição de setecentos
e cinquenta exemplares, não porque achássemos que iria vender, mas porque
ficava praticamente pelo mesmo preço. Esgotou-se em três meses, o livro foi
muito bem aceite. Foi um recorde, um best-seller de setecentos e cinquenta
exemplares. Depois as pessoas começaram a insistir e fizemos novas edições,
tendo sido feitas nove, das quais foram vendidos nove, dez mil exemplares em
Cabo Verde.
-Este livro deu origem a um
filme realizado por Francisco Manso que viria a vencer, em Agosto de 1997, o
prémio de Cinema de Gramado. Como é que viu a transposição do romance para o
ecrã?
G.A: Eu distingo sempre duas coisas: uma é a obra literária e outra é a obra
cinematográfica. Isto é, eu não aceito a ideia de impor ao realizador fazer o
meu filme. Porquê? Porque quando eu leio um livro faço um filme, do mesmo modo
que outras pessoas fazem o seu filme. De maneira que quando ele vai realizar é
o seu filme e não o meu filme. Daí que eu diga que há coisas no
"Testamento..." que eu gostaria de ver tratadas de outra maneira
eventualmente, mas não me permito sequer criticá-las porque é a minha forma de
ver que não pode ser igual à forma do Manso e não posso obrigá-lo a fazer o filme
que eu gostaria de fazer."
Filme, Cachupa, Mornas e Coladeiras na Galeria Arco 8
Corre a
história que nos idos anos oitenta que uma das músicas mais tocadas e escutadas
na telefonia nacional era um tema dos cabo-verdianos “Tubarões” – “Avenida
Marginal”. Os ouvidos portugueses começavam assim a receber o património
imaterial de um arquipélago pouco ou nada aventurado pela queda de água nas suas
ilhas, ou riqueza de outros recursos naturais, mas com uma cultura e sabedoria ancestral, símbolo da abnegação e persistência face às contrariedades inerentes às
condições de vida em ilhas tão secas.
Organizado pela CRESAÇOR e pela AGECTA decorreu ontem uma festa/actividade que teve por objectivo celebrar a cultura cabo-verdiana e manter viva a coesão entre uma pequena comunidade com mais de três centenas de habitantes e que há muito por aqui tem ofícios ligados ao mar, à construção, aos serviços ou ao comércio. O palco deste encontro foi a Galeria Arco 8 e o filme exibido foi “O Testamento do Senhor Napumoceno de Araújo”, rodado e realizado por Francisco Manso em 1996 nas Ilhas de São Vicente e Boavista, apresentado publicamente em sala em 1997 e é baseado no romance homónimo do escritor oriundo da Ilha da Boavista: Germano de Almeida. Seguiu-se a cachupa da Senhora Arminda – "de comer e chorar por mais" – e outras iguarias confeccionadas para este momento até depois à audição e bailar de mornas, coladaderas e funaná sempre bem preenchidas pelos participantes com o ritmo desenvolvido aos pares e com coreografia bem ritmada e distâncias bem definidas. Cabo Verde é, portanto, nome de arquipélago mas também sinónimo de alma e de oferendas, o que resulta assim em acolhimento e agradecimento.
Organizado pela CRESAÇOR e pela AGECTA decorreu ontem uma festa/actividade que teve por objectivo celebrar a cultura cabo-verdiana e manter viva a coesão entre uma pequena comunidade com mais de três centenas de habitantes e que há muito por aqui tem ofícios ligados ao mar, à construção, aos serviços ou ao comércio. O palco deste encontro foi a Galeria Arco 8 e o filme exibido foi “O Testamento do Senhor Napumoceno de Araújo”, rodado e realizado por Francisco Manso em 1996 nas Ilhas de São Vicente e Boavista, apresentado publicamente em sala em 1997 e é baseado no romance homónimo do escritor oriundo da Ilha da Boavista: Germano de Almeida. Seguiu-se a cachupa da Senhora Arminda – "de comer e chorar por mais" – e outras iguarias confeccionadas para este momento até depois à audição e bailar de mornas, coladaderas e funaná sempre bem preenchidas pelos participantes com o ritmo desenvolvido aos pares e com coreografia bem ritmada e distâncias bem definidas. Cabo Verde é, portanto, nome de arquipélago mas também sinónimo de alma e de oferendas, o que resulta assim em acolhimento e agradecimento.