O fotógrafo Pepe Brix, natural da
Ilha de Santa Maria, nasceu em 1984 no seio de uma família com pergaminhos no
mundo da fotografia. Recentemente viajou pela Índia e pelo Nepal acompanhado
pela sua máquina fotográfica mais a sua determinação infinda de registar o que
os seus olhos iam vendo e observando ao longo da viagem. Com o decorrer de tal
empreitada foi descobrindo o aprumo dos gestos e do silêncio dos nepaleses, de tão
magnificente geografia, bem como das suas paisagens e cultura. Pepe Brix
apresenta agora as suas fotografias a preto e branco, patentes até ao dia 9 de
Fevereiro na Galeria Arco 8. São imagens deste périplo nepalês com a entrega de
quem viaja e a reciprocidade de quem recebe contando sempre com o particular
ensejo de fixar os rostos e os olhares das gentes, do(s) modo(s) de vida à
religião. O fotógrafo dá-nos a ler também os seus escritos bem como ainda o
texto de apresentação desta exposição dedicada ao Nepal onde podemos ler que “o
travo milenar da sua cultura confere ao país um núcleo magnético incrivelmente
denso.”A abertura da exposição está marcada para as 22 horas da noite deste
sábado.
sábado, 11 de janeiro de 2014
Vânia Dilac: Cantora ou Diva?
Vânia Dilac é
diva das cantigas e das antigas pois tem o dom e a dádiva de encantar para quem
tiver intenções de se deixar render e cativar pelo seu canto. Esta é, sem
qualquer dúvida, uma voz desmedida, solta, com rédea livre de quem sabe que
nada nem ninguém pode travar aquele
curso de águas cálidas que na sua voz habita na máxima energia e
vitalidade. Por isso não lhe peçam grandes teorizações sobre os seus temas que
interpreta – apenas que cante no auge da sua sinceridade vocal. Por mais que
ela enfeitice com a sua voz este centro histórico da cidade de Ponta Delgada, em plena Travessa
dos Artistas, com música sem muros nem ameias e, essencialmente, com o fervilhar
da interpretação de temas de outros autores:“Blue Moon” de Frank
Sinatra, “Fever”, de Peggy Lee, “Summertime”, de George Gershwin, “Sodade” de
Cesária Évora ou “Halleluyah” de Leonard Cohen, é nos temas cantados em português
que este ardente canto em tons de veludo ganha velocidade, espessura e rumo. Acompanhada por Paulão (bateria) e
Clayton (teclados) é, portanto, uma voz que propaga com rapidez calor e chama neste Inverno
frio e húmido. Ouvi-la a cantar Amália Rodrigues (“Barco Negro”), Paulo de Carvalho (“Mãe Negra”) ou Jorge Palma (“Frágil”)
é acreditar que há um vulcão interior em ebulição pronto a expelir sons e
trovas carregado dum eco feminino dolente e magoado, profundamente negro como a maioria das vozes da soul, a carimbar o timbre da sua alma africana. É de arrepiar quando eleva a sua voz nas canções de Amália ou
Jorge Palma, naquele português
misturado, modelado e mélico para de imediato lhe sentirmos a garra, o enleio sonoro, o
sentimento pujante em cada frase melódica. Uma pérola, evidentemente.
Escutar Vânia
Dilac é também um privilégio por podermos imaginar o quanto estará por vir já
que aqui há qualquer coisa de vidro fino, delicado, um diamante em bruto por lapidar, e que
é necessário preservar e cuidar enquanto ele irradia de fulgência e de brilho. A
cantora vive em São Miguel, bebe muita música
soul e o blues num arquipélago que fica não muito longe do local de origem
destes géneros musicais, sendo normal que almeje
voos mais altos ou deseje cantar em
outras paragens, palcos e destinos. Entrementes,
para uma cantora que absorve as águas cálidas da ilha há mais de trinta anos,
ela nasceu em Moçambique, bem como sabe de cor e salteado as dores e as mágoas das
nossas maiores cantoras que a precederam, bastava que cantasse e fizesse um disco pessoal com uma dezena de
poetas ou cantores nesta língua que nos une para firmar e confirmar o seu talento neste tempo e
espaço, o emergir de uma grande voz em território insular, tantos anos depois da fase de oiro das vozes femininas de 80/90 da
música açoriana.
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