A criação de colectâneas
corresponde a uma vontade de dar a conhecer um leque alargado de autores. Há, por
isso, neste Capítulo B um conjunto de poetas bastante diversificado e ainda
uma variedade de poemas para vários gostos, ideias e estéticas, o que por si só
é salutar e extremamente enriquecedor. As perguntas de hoje são evidentemente as mesmas de
sempre: quem são hoje os leitores de poesia? Que eco tem a poesia na sociedade
em que vivemos? Independentemente das respostas que possamos dar, o que há de
importante neste impulso editorial é o facto de ser portador de uma ideia comum
de comunidade poética. Estes autores surgem a partir de encontros semanais,
quinzenais e mensais em actividades públicas de poesia: o Poetry Slam de Ponta
Delgada, as quintas de Poesia na Travessa dos Artistas ou na TASCÀ, da Rua de
Lisboa. Muitos destes poemas foram lidos em público, obtiveram timbre e diferentes
ressonâncias junto dos seus ouvintes. Existe por aqui, tal como não podia deixar de ser, uma
enorme cumplicidade entre os autores destes Capítulos, sendo este um bom motivo
para uma maior divulgação desta compilação junto do público. É que a poesia é
um género com pouca divulgação em Portugal e nas ilhas, os poetas editados são, na maioria das
vezes, detentores de editoras, isto é, editam os seus próprios livros e editam
os seus parceiros e amigos. São, portanto, poucos os poetas editados que não
pertencem aos círculos da poesia amical, o que por um lado é sinal de
cumplicidade e qualidade garantida, mas denuncia, não poucas vezes, sinais de
estagnação ou cristalização estética. Ninguém quer, pois, arriscar uma edição
de poemas se não conseguir pagar os custos da mesma. Deste modo, saúde-se a edição de colectâneas e, esta em particular, que conseguiu assim reunir dois poemas de Carla Veríssimo, Eleonora Marino
Duarte, Fernando Nunes, João Malaquias, João Morais, João Quental Oliveira,
José Soares, Júlio Ávila, Leonardo e Luís Augusto. Boa leitura!