sábado, 1 de março de 2014

Março Adentro

Fotografia: Tiago Rodrigues
Entrar por Março e também pelo mar adentro. Permanecer por ali, a ondejar com o peito completamente gelado e a dominar a vaga e a esconder os pequenos dedos hirtos dos pés. Um corpo ocupa demasiado espaço na água límpida por romper. Descerrar as mãos pela água salgada, abri-las para acreditar que à superfície tudo é credível, por instantes saber que são profundas as águas em que cada um se move e enfiar a cabeça nesse abraço e em todo este azul em redor. Daquele lugar guardar-se-á quase todos os mergulhos que ficaram por dar neste inverno fugidio e com o monte defronte só dá para espreitar o fundo destas águas, que são límpidas, realmente cristalinas. E a espuma é como se fosse um sopro no interior dos pulmões, em silêncio, onde podemos viver e mergulhar durante mais algum tempo. Respiramos. O mês de Março pode começar.