terça-feira, 8 de março de 2022

Sonia Delaunay: O Sol do Século!


           Sonia Delaunay, com o nome de baptismo Sarah Stern, era natural de Gradizhsk, na Ucrânia.
Foi pintora, figurinista, designer e tinha trinta anos quando chegou a Vila do Conde, para viver entre 1915 e 1917, e, assim, escapar à primeira grande guerra. Esta habitou na cidade costeira portuguesa com o seu marido, Robert Delaunay, e o seu filho, Charles Delaunay, este último viria a tornar-se uma figura de proa do jazz francês e do seu Hot Club de France.
 Sonia Delaunay gostava do sol e das festas populares, adorava a luz do norte de Portugal. Amante da polivalência, da joalharia ao têxtil, celebrava através da arte o ritmo e as combinações cromáticas, cunhando essa energia e movimento de La Simultanée. Acredita-se que o casal de artistas, enquanto a Europa guerreava, enfrentou essa fase vilacondense de forma bastante produtiva, onde aproveitaram para criar em várias frentes em que estavam envolvidos, chegando a ser presos pelo equívoco simbólico das suas pinturas expostas no exterior da casa. A acusação postulava que estes comunicariam com os submarinos que passavam ao largo, no horizonte marítimo. 
Um século depois, a sua casa de Vila do Conde continua por lá, intacta. ainda que, triste e amarguradamente, ouvem-se de novo os tambores da guerra na terra materna de tão ilustre artista.

Da Vibração de uma Cidade...

     "Comecei por dar pelo desaparecimento no meu bairro, depois na Baixa, nas lojas que antigamente chamávamos "de revistas" e também nas livrarias que sobrevivem. Mas fora de Lisboa é igual ou pior. Em dezena e meia de cidades e vilas portuguesas tenho deambulado sem encontrar imprensa à venda, os quiosques exibem agora postais e canecas, as estações de comboios diminuíram radicalmente os títulos disponíveis, algumas bancas cortaram com a imprensa estrangeira, os fiéis morreram. explicam-me, e os jovens não têm esse hábito. 
    Há anos que uso a mesma frase quando me abasteço de jornais e revistas, sobretudo ao fim-de-semana ou em férias: "Se a imprensa acabar, a culpa não foi minha". Bem sei que dizer "imprensa" é limitativo, que há imprensa não-escrita, jornais digitais. Bem sei. Mas eu pertenço à última geração para quem comprar jornais em papel, e ler jornais, ficar a ler os jornais durante um bom tempo, é uma evidência e uma necessidade. Ler jornais, para mim, é uma actividade urbana, indestrinçável dos cafés e esplanadas, dos encontros e das conversas, do bulício, da vibração de uma cidade."

Pedro Mexia in Quiosques, Revista Expressso, 4 de Março de 2022.

Os FIlhos da Madrugada: Constança Freire e Sousa

        "Votar pela primeira vez foi maravilhoso! A sensação era a de que agora era crescida e tinha uma responsabilidade. Como qualquer forma de liberdade, seja de expressão ou outra, vem um sentido de responsabilidade. Faço a minha minicampanha nas minhas minirredes sociais, que têm um impacto ridículo (são os meus amigos e são pessoas que estão espalhadas pelo mundo). Empenho-me. Apelando ao voto. Não é um direito, votar é um dever. Custou tanto a ganhar. Foi tão difícil chegarmos ao ponto ao qual chegámos, desde a ditadura e o 25 de Abril...Até o facto de eu ser mulher, não ser a cabeça do casal, ou a cabeça de uma família..."

in OS Filhos da Madrugada, Anabela Mota Ribeiro, Temas e Debates e Círculo de Leitores, Novembro de 2021.