Não vislumbro qualquer veleidade em ser poeta profissional
o cuidado do livreiro em estantes devidas
com letras em série exibidos nas livrarias
lidos por leitores com óculos de vidro de garrafa
ou outros mais expeditos a praticar comparações
O que eu sempre quis e sem qualquer tipo de redundância
é dar resposta a esta forma de me sentir à parte
afastado de qualquer verso, rima ou metáfora
a intransigente angústia perante o inefável
fúria infinda de trazer calçado nas ruas
uma meia de cada cor sempre comigo
como se tivesse há muitas, muitas luas
seis curtos e inolvidáveis anos
o olhar incrédulo de minha mãe para gritar:
"-Cá dentro sou eu que
mando!"