Caro Janeiro Alves,
Decidi redigir-lhe este postal pois ainda não estou
em mim. O meu amigo pode não admitir mas penso ter estado consigo, no dia de
ontem, pelo menos três vezes em diversos rincões deste território ilhéu.
Curiosamente, julgo ter estado consigo numa caldeira, numa piscina de águas termais
e, por último, numa taberna popular a comer uma bifaninha de atum e a desembaular
uma garrafa de vinho tinto da Estremadura (e não é que também têm boas pingas?).
Acordei, entretanto, com este sentimento de que tudo isto não passou de um
sonho e ainda com a sensação que o universo se encontra em expansão. O amigo Janeiro não vai
acreditar mas desconfio cada vez mais da realidade e de todos os acontecimentos
que estão a suceder em catadupa.Será isto a pós-verdade? Estou cada vez mais senil e demente, essa é que é a
realidade.
Comunico-lhe também para anunciar que estou a
preparar as mais que aguardadas Conferências da Fajã. Este ano teremos
ilustres convidados oriundos de países distantes e outras personalidades de alto gabarito, destacadas e reconhecidas nas suas mais diferentes áreas e que vão desde a Filosofia Marinha ao Empalhamento de Aves Raras. Com a promessa de estar para breve o envio do convite e do programa, alegremente me despeço.
Com elevada
estima e consideração,
Doutor Mara