terça-feira, 3 de maio de 2016

O Direito à Cidade

(…)“Encontramo-nos perante cidades onde o consumo é o motor principal das acções urbanísticas. A consequência é a proliferação de espaços de segregação cultural e económica, que afastam a população da realidade urbana, e fazem com que as cidades se pareçam umas com as outras. Os processos de gentrificação e turistiificação são alguns dos motores desta segregação.
O aumento do turismo provoca grandes expectativas em termos de desenvolvimento económico, mas coloca também a questão dos recursos a afectar à conservação e revitalização dos centros históricos. Na maioria dos casos, as cidades, por causa da pressão exercida pela indústria turística, transformam-se em imagens estereotipadas, ou têm de se adequar ao mercado internacional.
Ao mesmo tempo, os processos de gentrificação e turistificação provocam o deslocamento mais ou menos voluntário das populações locais, colocando em causa o direito à cidade.
A visão teórica da reabilitação na óptica da valorização do património para todos, salvaguarda a diversidade cultural e de um desenvolvimento sustentável permanece na agenda do dia. Porém, as dinâmicas económicas e as transformações urbanas daí resultantes têm vindo a comprometer a coesão socioeconómica e territorial.
Fabiana Pave inGentrificação e Turistificação: o Caso do Bairro Alto em Lisboa”; Le Monde Diplomatique, Abril de 2016.