terça-feira, 23 de abril de 2024

Verso de JP Simões

 Se por acaso me vires por aí

Música para os 50

 -Canto do Amanhecer - Asas Sobre o Mundo, 1989  - Carlos Paredes
-Quando a Alma Não é Pequena - Quando a Alma não é Pequena, 2006 - Dead Combo
- Que Amor Não Me Engana - Venham Mais Cinco, 1973 - Zeca Afonso
 - Mai 86 - Querelle, 1987 - Pop Dell´Arte
-Taxonomia - Errôr, 2019 - Linda Martini
-Canção a José Mário Branco - 2 de Abril, 2022 -A Garota Não
-Que Força É Essa - Sobreviventes, 1972 - Sérgio Godinho
-Lembra-me um Sonho Lindo - Por este Rio Acima, 1984 - Fausto
-Queixa das Almas Jovens Censuradas - Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades, 1971- José Mário Branco
-Soldado - Sitiados, 1988 - Sitiados
-Sete Naves - Os Homens Não se Querem Bonitos, 1985 - GNR
-Como um Cavalo Louco - Um Zero Amarelo, 1998 - Um Zero Amarelo
-Hino à Nossa Luta - Divergências, 1986
 - Linha Geral

Desconfiava que isto iria ser assim...

    "-Sim, é certo, eu desconfiava que isto iria ser assim”. afiançou com toda a pujança. “-Assim, como?”, perguntei. Naquele precioso instante desfilavam na minha memória imagens de pirolitos frescos a escorrer pela garganta, bicicletas exangues encostadas ao musgo das paredes, tardes de praia temperada com barracas de tiras azuis a proteger da nortada, numa frase ouvida e repetida numa eternidade:“-Vem aí os Canhões!”.  Enfim, cinquenta anos passaram sobre o momento histórico e até parece que tudo isto não passa de uma canção que ressoa a liberdade em cada um de nós na hora de voltar à carga. Valha-nos, pois, essa palavra leve e verdadeira com que cunhamos a efeméride. Uma palavra que pretendemos justa, como carne vivificada em nós, uma elevação maior perante o que ainda poderemos fazer no futuro. “É pouco”, diz-me quem já não acredita que se possa ter como lema existencial o archote da esperança! “Talvez”, apaziguo-lhe a raiva e confirmo-lhe a incerteza do tempo sombrio que nos calhou viver. Reafirmo, no entanto, que a mágoa do abandono é grande e não é só desta pessoa em concreto mas também por tudo aquilo que foi amado e que já não volta, e por isso faço questão de relembrar esse gesto inicial que retoma agora à sua fonte principal e, quem sabe, ainda se possa renovar. Acreditemos!