Três Haikais, um Peixe Surfista e uma Canção de Amor para o Areal Fotografia de Gabriela Oliveira |
A
ideia surgiu na edição do FUSO Insular do ano passado após a
Gabriela Oliveira me ter convidado para narrar o seu pequeno filme
"Itinerário". Surgiu, assim, deste modo a vontade de pensar numa ideia que fosse possível materializá-la no laboratório de imagens da edição do Fuso Insular deste ano. Ao mesmo tempo acreditar nesta escola estival, destinada à
aprendizagem marcada pelo experimentalismo, aberta à liberdade criativa e ao
conhecimento teórico do mundo das imagens, e que desta feita reactivasse um contacto ainda mais profundo com as imagens em movimento.
Esta ideia de criar um filme, a partir de imagens e dos sons, era já muito antiga, e foi isso que levou ao projecto inicialmente apresentado que trazia já dentro de si este "Três Haikais, um Peixe
Surfista e uma Canção de Amor para o Areal". O cinema é um trabalho
coletivo e foi isso mesmo o que se veio a passar. Este pequeno filme materializa uma ideia em oito minutos, juntando as imagens captadas pela câmera da Gabriela Oliveira, a música de Filipe
Furtado e a montagem de Elliot Sheedy, para além das sessões de apresentação no Arquipélago - Centro de Artes Contemporâneas.
E, perguntam: qual é o leit-motiv deste
documentário de cariz poético-musical? Trata-se, sobretudo, de fixar um momento,
neste caso particular uma vivência, um tributo/homenagem a um lugar de pertença
que se encontra em mudança: o Areal de Santa Bárbara. Durante
os meses de verão socorri-me da paciência e da boa vontade da Gabriela Oliveira
e fomos à procura desse movimento inusitado no Areal. Intuímos, portanto, o imprevisto e
o improviso na Cervejaria do senhor Manuel Furtado, estabelecemos as
coordenadas e ligação ao músico açoriano, Filipe Furtado, imersos naquela festa domingueira do Espírito Santo, na Ribeira Seca. É, para nós, uma alegria podermos contar com a banda sonora deste músico
açoriano, numa aventura sonora deambulante, poética e memorial, mantendo-se fiel
ao seu registo bossajazístico, e que ao piano, por vezes, lembra o músico sueco Jan Johansson. O resultado final é um documento fílmico em torno
do Areal e das memórias de quem se dispõe a narrar.
Por último e, com a devida vénia ao
trabalho de montagem, aqui realizado pelo músico e cineasta norte-americano,
Elliot Sheedy. Ele que desenvolve trabalho continuado e permanente num universo de cariz alternativo, crítico mordaz da sociedade contemporânea, prestes a estrear a sua primeira longa metragem. Neste nosso
pequeno filme, alcandoramos algumas fragilidades no trabalho e conhecimento de Elliot Sheedy, pois foi ele quem juntou as peças e articulou os sons e as imagens, com o devido guião de orientação, evidentemente.
Por essa razão, enquanto parte
interessada e interveniente neste processo criativo, deu para entender que "Três Haikais, um Peixe Surfista e uma
Canção de Amor para o Areal" é o resultado dum esforço colectivo marcado pelo ímpeto e paixão pelo mundo das imagens em
movimento, a dita sétima arte. Que todos e todas ocorram ao Arquipélago - Centro de Artes
Contemporâneas, no dia 28, às 18h30, à blackbox e que possam assistir à estreia deste e dos
outros filmes, realizados durante o laboratório de imagens do Fuso Insular de 2023.