terça-feira, 29 de janeiro de 2019

FALTA dedicada à FOLIA


Depois dos primeiros números dedicados à “Falta” e à “Falha”, achámos por bem mudarmo-nos para o “lado solar da rua”, como diz a música, e abrir 2019 com o tema da “Folia”. “Dança veloz de muitos pares, ao som de pandeiro ou adufe”, “festa alegre e ruidosa”, “folguedos populares” — assim nos transmite o dicionário serem os diferentes significados da palavra. Convidaremos os leitores a foliar no próximo número da F A L T A, serão páginas com muitos foliões dentro e outros corajosos para darmos continuidade à alegria desmesurada ou à farra incontida. Após a chegada dos textos e demais contributos artísticos no final de Março, trabalharemos em Abril para que vos possamos surpreender no mês de Maio. 
A FALTA 

Da Vegetação Açoriana

“Quando as ilhas dos Açores foram povoadas, os colonizadores portugueses relataram que elas não eram habitadas e que apenas encontraram matos e rasteiros e uma fauna constituída por animais e aves de pequeno porte. Destas, o milhafre – a maior, terá dado o nome ao arquipélago. Essa flora primordial era a que se designa hoje de Laurissilva. Actualmente contabilizam-se cerca de 300 espécies de plantas fariam parte dessa floresta inicial e delas 80 são endémicas – património único destas ilhas. Esta originalidade é partilhada com as restantes ilhas da Macaronésia. Temperadas pelo oceano Atlântico, sobreviveram à última glaciação que afectou o nosso planeta, constituindo, pois, uma memória viva da floresta remota que terá povoado a Europa e Norte de África. Apesar de pequena, é na Europa a floresta que apresenta a maior biodiversidade. Nas encostas da Lagoa do Fogo ou na Estrada da Tronqueira ainda se poderá ter uma pequena ideia do que era essa floresta original onde predomina o Azevinho (Ilex Azorica), o Louro (Laurus Azorica) e o Cedro-do-Mato (Juniperus brevifolia); uma floresta rasteira e envolta por nevoeiros e grande humidade, com manchas de turfeira(musgão), elemento que retém e filtra a água dos solos. Em zonas costeiras, habitam as Faias da Terra (Myrica Faya) e o Pau Branco (Picconia azorica) e o Sanguinho (Fragula azorica) sem esquecer a Vassoura ou Urze (Erica Azorica), que é a planta que primeiro se instala nos novos solos ainda puramente minerais resultantes do vulcanismo. Num passeio pelas zonas costeiras - pelo calhau -, poder-se-á encontrar um cacho de campainhas em flor, a curiosa Vidália (Azorina vidalii), endémico único dos Açores.”

Vitor Bilhete in Agenda do Louvre Michaelense 2018