Fotografia de Carlos Olyveira |
Andamos nestes
dias solarengos e estivais à volta de Santa Clara, sobretudo este cenário que sugere uma ou várias bandas sonoras. Enquanto não irrompe na dita língua e
expressão musical açoriana uma emoção forte e idêntica, surge na memória o tema “Travelling
Light” dos Tindersticks, um agrupamento musical de Nottingham, Inglaterra, criado em 1992, e que andou recentemente por Vila
do Conde (Festival de Curtas). Logo
a abrir, Stuart Staples, cumprindo esse fardo melancólico da existência, solta:“There are places I don't remember/There are
times and days they mean nothing to me/I've been looking through some of them
old pictures/They don't serve to jog my memory.” E é na luta pela
memória que também por aqui andamos, pois não esquecemos que é de rapidez que
vivem os dias que nos cobrem. Desta feita, no ensaio de hoje quisemos gravar, pretendíamos ouvir em forma de roda o texto pelas nossas vozes. Confiamos
neste processo como forma de fixação e memorização do texto. E por isso questione-se o que é isso de ser "teatral" este texto que queremos nosso?
Socorro-me, portanto, de David Ball: “Alguma coisa é
teatral, quando intensifica a atenção e envolvimento dos espectadores. Os
dramaturgos colocam o seu material mais importante nos momentos mais teatrais
da peça, auferindo desse modo vantagens da intensificação da atenção dos
espectadores”. E acrescenta ainda:“Identificar os elementos teatrais da peça
ajuda a descobrir o que o dramaturgo considera importante.” E, brevemente, é isso que faremos, pois voltaremos de novo à carga, ao palco…do Arco 8.