quinta-feira, 23 de setembro de 2021

Sobre a Força

 Para fazer uma obra de arte não basta ter força, é preciso também viver um grande amor.

Mozart

domingo, 19 de setembro de 2021

domingo, 12 de setembro de 2021

Tremor: Volte Sempre!

       Terminou mais uma edição do Tremor, um festival de música que se pauta pela descoberta e diversidade sonora ao mesmo tempo que permite o encontro com a beleza natural dos espaços insulares. Foi com os Ferro Gaita, num dos palcos do Pinhal da Paz, que se deu o encerramento desta sexta edição, com os compreensíveis funanás e coladeiras oriundos de outro arquipélago de tom africano: Cabo Verde. Com oito músicos em palco, esta banda longeva provou ser sinónimo de ritmo, festa e folia, com os festivaleiros imparáveis na aceitação dos ritmos e apelos à dança. Nos dias anteriores, houve tempo para ouvir a versão renovada de Lena d´Água,  acompanhada pela Francisca Cortesão e Benjamim, misturando passado e futuro na sua voz plena, ouviu-se também a energia e alegria dos Clã, sempre com a contagiante presença de Manuela Azevedo, sentiu-se o carismático e garboso, Casper Clausen, em deambulações sonoras a solo e recém regressado de uma tournée  europeia, ainda as baterias em diálogo dos CZN, o trio sonoro Filho da Mãe, Norberto Lobo e Ricardo Martins, a maravilha e entusiasmo da Associação de Surdos de São Miguel + Onda Amarela, entre tantos outros que por aqui se ouviram e fundiram. Para lá da música, ficam também os cheiros das árvores e plantas, as flutuações das nuvens, as cargas de água que foram caindo ao longo destes quatro dias e ainda todo o ambiente natural e humano destes espaços que fazem toda a diferença de um festival que faz jus ao prazer e júbilo de aqui viver, estar e visitar. Muito obrigado!

sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Imagine...

                                                                                                                              no possessions

            John Lennon deve ter sido das minhas primeiras grandes paixões musicais. Conheci a sua música, as suas canções, no momento em que foi assassinado em pleno início dos anos oitenta. Era muito miúdo e os Beatles chegariam depois tal como o Paul McCartney. Tinha dez anos quando comprei uma cassete com os temas do disco "Imagine". Durante um ano um sentimento platónico obrigou-me a telefonar e deixar tocar o tema "Woman" num gravador de cassetes até que a ouvinte desligasse a chamada. Com “Imagine” não resisto a pensar que não temos emenda e que só mesmo a imaginação nos salva.

domingo, 5 de setembro de 2021

Verão: Teremos Sempre o Norte

              São precisas três horas para chegar à casa de sempre. É aqui que se impõem os velhos hábitos e refeições a horas certas. Felizmente, a presença os alimentos de terras de cultivo ali próximas tal como o concentrado de ómega-3 no peixe local que, passado tanto tempo, continuam imponentes à mesa. Pelo meio do périplo familiar, ruma-se a Braga e ao Porto que parecem agora despertar de um longo Inverno, evidenciando já os habituais tons luminosos do estio e alimentando as peripécias e belezas monumentais de outrora.                              Estamos, assim, no Verão e as ruas de ambas as cidades nortenhas estão novamente cheias de turistas com línguas, trejeitos e modos de estar e sentir diferentes. Os forasteiros, em férias, regressam ao país da boa comida, do mar e do sol. Há, subitamente, peças de teatro e filmes para ver. Comecemos pelo Teatro Carlos Alberto com a peça “Act of Cod”, pela companhia de Dança e Teatro da Esquiva, numa celebração coreográfica à epopeia da pesca do bacalhau. Ainda na cidade Invicta, o Cinema Trindade mantém uma programação cinematográfica diversificada e eclética com algumas sessões a pertencerem aos clássicos italianos – “Milagre em Milão” e “Ladrão de Bicicletas” de Vitorio de Sica ou “A Rapariga da Mala” de Valerio Zurlini. No entanto, a escolha recai sobre “A Voz Humana”, do cineasta madrileno Pedro Almodôvar. O filme parte do texto e ideia original de Jean Cocteau, embora modificado, realçando a força do monólogo e estilo da actriz, Tilda Swinton. Este é o primeiro filme de Almodovar em inglês, que vive sobretudo do seu cenário teatral e da estética dita “almodovariana”, com as habituais cores quentes e garridas, numa volúpia policromática. Entretanto, há outros filmes vistos em cineclubes das cidades limítrofes para ver e que deste modo também renascem neste período estival com sessões em sala e com horários curiosos. Em primeiro lugar, "Las Niñas”, de Pilar Palomero, no Cineclube Octopus, no renovado Cineteatro Garrett. É uma história que nos mete pela infância e adolescência adentro, sendo um mergulho nesses dias de puberdade e dores de crescimento, ainda que repleto de lugares-comuns. Seguiu-se “Marighella”, de Wagner Moura, documento militante sobre os tempos dramáticos da ditadura militar brasileira, que viria a durar cerca de vinte e um anos (1961-!984). Na tela esteve exposto esse tempo de terrores e excessos, politicamente intensos e visíveis nos intérpretes e rostos políticos da altura, marcados pela violência e privação de liberdades e da democracia. Oriundo do Brasil, houve também tempo para assistir, na Solar Arte Galeria Cinemática, em Vila do Conde, o documentário "Onde Está Você, João Gilberto?”, de Georges Gachot, filme em que o próprio autor  decide ir ao encontro do criador da bossa nova, João Gilberto, mas em que sabíamos de antemão que isso não iria acontecer ainda que a expectativa e curiosidade estivesse sempre latente. Um belíssimo filme carregado de boas memórias e deliciosas temperaturas musicais transatlânticas.                                                        
         Por fim, “Sweet Thing”, de Alexandre Rockweel, que retrata o universo de três crianças à deriva num mundo em que os adultos se omitem da educação dos mais novos envolvidos que estão nos seus dramas e frustrações pessoais. Um périplo à infância que valeu essencialmente pela inesquecível banda sonora. E, talvez por isso, num verão que se pretendia renascido...teremos sempre o Norte!

sábado, 4 de setembro de 2021

Um poema de Matilde Campilho

 Era capaz de atravessar a cidade em bicicleta só para te ver dançar.

 E isso

diz muito sobre a minha caixa torácica.

in Jóquei, Tinta da China, 2014.

Verso de Milton Nascimento

 Invento mais que a solidão me dá

Sempre as Palavras...

             "As palavras são essencialmente uma forma de alquimia. Permitem a cada um de nós descobrir, captar, explorar, identificar, transformar, analisar e até habitar o mundo à nossa volta." 

                                                                Alberto Manguel in Revista Expresso, 3 de Setembro de 2021

quinta-feira, 2 de setembro de 2021

Agosto de João Habitualmente

 Tarda-me tudo tanto tudo sob os dedos

 Não sou capaz de nada

algo que esconde um rastilho

atear um fogo

planear uma emboscada

 

Mesmo os teus cabelos 

tarda-me em tê-los

 

Esperei por ti

o cumprimento dos dias

Começava logo de manhã

e ficava na mesma pedra até ao sol posto

 

E no entanto sabia que não virias

Desde criança que chego ao Inverno em Agosto

quarta-feira, 1 de setembro de 2021

September de David Sylvian

The sun shines high above

The sounds of laughter

The birds swoop down upon

The crosses of old grey churches

We say that we're in love

While secretly wishing for rain

Sipping Coke and playing games

September's here again

September's here again