quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Amanhã na Galeria Miolo

Inauguração da Exposição de Fotografia de Ian Allaway


Sala de Embarque: Uma Festa no Fim de Agosto

       Aí estão as festas de Santa Clara e que, após ensaio na Galeria Arco 8, tivemos a oportunidade de marcar presença e saborear as iguarias naquelas mesas corridas de arraial montado. Ontem à noite, houve fados, concertos de viola da terra e petiscos. É assim que ficámos a saber narrativas sobre este vetusto bairro piscatório, ainda não consumido nem arrasado pela “modernidade arquitectónica”, bem como tomar nota sobre a origem do próprio nome de Ponta Delgada e, inclusive, a história de pescadores que participaram na frota branca e que andaram pelos bancos da Terra Nova na pesca do bacalhau. Homens que permaneciam uma viagem de seis meses sem dar notícias, nem uma cartinha que fosse. Socorro-me, entretanto, do livro “Santa Clara: Um Tempo de Festa”, compilado pela Elsa Santos, editado em 2002, para deste modo ficar a conhecer ainda mais esta pequena comunidade que ainda hoje vive do que o mar lhe dá. Ao mesmo tempo que é de lamentar o descuido da zona térrea junto do mar, tão abandonada que está, bem como o estado destruído daquela escultura pela força do mar.
Agosto está, por isso, a findar e o desejo de colocar esta peça em cena aumenta de dia para dia ao mesmo tempo ainda que não apetece nada, nada mesmo, deixar fugir este mormaço estival. Apetece, isso sim, ficar toda a manhã a ouvir Scott Walker cantar o original de Jacques Brel na sua versão sobre alguém que parte: “If you go away/On this summer day/Then you might as well/Take the sun away/All the birds that flew/In the summer sky/When our love was new/And our hearts were high/And the day was young/And the night was long/And the moon stood still/For the night bird's song”. E, talvez por isso, filmámos neste último dia de Agosto um pequeno clip sobre a ideia, “a mola”, que está subjacente a esta “Sala de Embarque”. Uma ideia de partida, diga-se, como seria de esperar.

Filme d´Estio: Fitzcarraldo de Werner Herzog

"Fitzcarraldo" de Werner Herzog (1982)
imagem daqui: www.coming.soon.net
Werner Herzog, um  dos mais fascinantes cineastas alemães, realizou no início dos anos 80 um filme intitulado "Fitzcarraldo". O filme relata a história de Brian Sweeney Fitzgerald (Klaus Kinsky) que ambiciona edificar uma Sala de Ópera na cidade Iquitos no Amazonas, Brasil. Ele é um amante fervoroso do tenor italiano Enrico Caruso. Com antecedentes de outros fracassos e demais investidas falhadas (uma Estrada em Ferro, a Transandina), "Fitzcarraldo" ambiciona também construir uma fábrica de gelo. Este “Conquistador Inútil”, como ficaria conhecido, estava possuído ainda por uma façanha ainda maior quando convence a sua amante (Claudia Cardinalle), dona do prostíbulo da cidade, a financiar a compra de um barco fluvial para a exploração da borracha. A partir daí, embarca numa loucura desmedida quando pretende a qualquer preço, sacrificando, inclusive, vidas humanas, explorar rotas e florestas nunca vistas.

Da Inutilidade

"A literatura é perfeitamente inútil: a sua única utilidade é que ajuda a viver."
Claude Roy (1915-1997)