Aí estão as festas de Santa Clara e que, após ensaio
na Galeria Arco 8, tivemos a oportunidade de marcar presença e saborear as
iguarias naquelas mesas corridas de arraial montado. Ontem à noite, houve fados, concertos de viola da terra e petiscos. É assim que ficámos a saber narrativas sobre este vetusto bairro piscatório, ainda não consumido nem arrasado pela “modernidade
arquitectónica”, bem como tomar nota sobre a origem do próprio nome de Ponta Delgada e, inclusive, a história
de pescadores que participaram na frota branca e que andaram pelos bancos da Terra Nova na pesca do bacalhau. Homens que permaneciam uma viagem de seis
meses sem dar notícias, nem uma cartinha que fosse. Socorro-me, entretanto, do
livro “Santa Clara: Um Tempo de Festa”, compilado pela Elsa Santos, editado
em 2002, para deste modo ficar a conhecer ainda mais esta pequena comunidade que ainda
hoje vive do que o mar lhe dá. Ao mesmo tempo que é de lamentar o descuido da zona térrea junto do mar, tão abandonada que está, bem como o estado destruído daquela escultura pela força do mar.
Agosto está, por isso, a findar e o desejo de
colocar esta peça em cena aumenta de dia para dia ao mesmo tempo ainda que não
apetece nada, nada mesmo, deixar fugir este mormaço estival. Apetece, isso sim, ficar toda a manhã a ouvir Scott
Walker cantar o original de Jacques Brel na sua versão sobre alguém que parte:
“If you go away/On this summer day/Then
you might as well/Take the sun away/All the birds that flew/In the summer
sky/When our love was new/And our hearts were high/And the day was young/And
the night was long/And the moon stood still/For the night bird's song”. E,
talvez por isso, filmámos neste último dia de Agosto um pequeno clip sobre a
ideia, “a mola”, que está subjacente a esta “Sala de Embarque”. Uma ideia de partida, diga-se, como seria de esperar.
Sem comentários:
Enviar um comentário