Escultura como arte da representação. Desde a
antiguidade clássica, muito antes da escultura ter sido escolhida para ser a quarta arte por Ricciotto
Canudo, que esta esteve sempre ao serviço da representação do corpo humano, elevando-o à condição suprema nas artes clássicas, pontuando as suas formas
antropomórficas com o estatuto de divindade. Desta tradição e volume constam o
mármore e o bronze como materiais essenciais ao trabalho do colectivo de
artistas. O renascimento acentua a representação naturalista do corpo humano,
desenvolvendo a técnica e aperfeiçoamento do nu, muito pelo conhecimento
adquirido e avanço do saber acerca da anatomia humana. Os processos criativos
foram variando ao longo dos tempos e das épocas. Esculpir era, pois, ilustrar,
representar por imagens o ser humano em redor, e se possível revelar a
plasticidade das formas humanas, moldando-o com várias técnicas e materiais envolvidos na criação de objetos representativos da figura humana e humanizada.
Sem título - Agnès Juten (2014) |
Escultura como arte em movimento. A
escultura contemporânea e a arte em geral podem ser consideradas inúteis e
desprovidas de qualquer função caso não tenham, pelo menos, a veleidade de nos
fazer pensar. É perfeitamente consensual acreditar que os objetos aqui
presentes nos suscitem um conjunto de significações, sentidos e, com toda a
clareza e distinção, sentimentos. Dessa sensibilidade da autora até ao vosso
entendimento como fruidores da obra da arte é que podemos afirmar se a arte
está a ser devidamente cumprida, isto é, pensada, interrogada, sentida. Essa é
a escultura, enquanto metáfora do mundo e da vida, que faz mover o pensamento, o
sentimento. Aquela que é capaz de lançar novos mundos no nosso mundo.Aquela que
introduz acção, movimento, enfim, desequilíbrio, essencialmente, inquietação. Inquietemo-nos.