quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Dança dos Estorninhos

A cantora em pose nada avista
desimpedido  palco ao cair da tarde
compõe-se de baile o desenho a cada ocasião
comportamentos artificiais desbotoam
no voo escondem feições em rosto de cão
desatinam no celeste céu, negra alomorfia.

Iludem o horizonte com meneios harmoniosos
ao comprido da brisa marinha se estendem 
afagando oceano em ondulado enlace.


Rosto de Cão, São Miguel, 29 de Janeiro de 2014.

Canção para Martina e o Beliche

Reler clássicos poetas pela manhã
hidrogénio, hélio, lítio na tabela
alvo xaile no diverso festival
leituras e varandas do sossego
o sol a colar a sombra na voz
secar semente calar recordação
químico perfume das mangas na canícula.

Envio de missivas sem resposta
grafar nórdica desaparição
o terceiro mundo aflito
descem da escada o enleio inaudito
resgatar filmes sem cor nem abrigo
repetido relatório em comoção.