Atirámos um homem do
penhasco abaixo.
Toda a aldeia
reunida no adro;
corremos sobre ele
aos gritos
fizemo-lo cair de
grande altura.
O padre disse que
agora, sim, é
que começa a
verdadeira vida
e eu pensei com muita
força e muita fé;
mete a verdadeira
vida no cu.
Acordo a meio da
noite com os uivos das pessoas
Prendem um homem no
manicómio
atam-no à cama,
enfiam-lhe comida
pela goela abaixo,
engordam-lhe o fígado.
Ele tinha um anjo
dentro da cabeça
sempre a levá-lo, a
voá-lo muito
para lá das nuvens,
repuxava-lhe os fios
forçava-o a uns
esgares, uns dizeres obscenos
Quando o deixava
planar a meia altura
a uns quinhentos
metros, digamos, uma
corrente inesgotável
de lenços coloridos
saia-lhe da cartola,
com as músicas mais belas.
Tanto medo da
loucura,
tantas verdades
incómodas ali à mostra,
tantos segredos
insuportáveis.
Vamos estabilizá-lo,
disseram.
Quero escapar,
morrer,
arder-vos por entre
os dedos,
ó boas pessoas, ó
sãos de espírito,
ó assassinos, adeus.