quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Diários de Angra II

A Recolha das Batatas, 1898, Óleo sobre tela,
Paris, Museu d'Orsay
Procuro por aqui sinais da existência do pintor José Júlio de Souza Pinto. O pintor nasceu  em Angra do Heroísmo, a 15 de Setembro de 1856 e era filho do Dr. Lino António de Souza Pinto, natural de Valongo, e de Ana de Sousa Loureiro, da freguesia da Sé, no Porto. O seu irmão, António de Souza Pinto, também se dedicou à pintura. Descubro assim que viveu nas ilhas atlânticas até aos catorze anos, para além dos primeiros anos na Ilha Terceira, passou por Santa Maria e São Miguel. No Museu de Angra do Heroísmo há alguns desenhos dele mas, segundo vozes avisadas do museu, não há qualquer referência na obra deste à sua vivência na ilha Terceira. E pergunto: o que é que terá acontecido? Primeiro, a ausência de referências na obra do pintor ao seu local de nascimento e crescimento, por outro lado a inexistência por aqui de uma obra, uma rua, uma placa evocativa da sua origem terceirense. É curioso que este tenha pintado "A Volta dos Barcos" aos trinta e cinco anos...

Do Alexandre, fotógrafo.


       Era filho de um poeta maior da língua portuguesa que devíamos saber pelo menos dez poemas de cor e salteado: Alexandre O´Neill. Acrescentamos o nome Delgado - era filho de Noémia Delgado, primeira mulher do poeta - e temos Alexandre Delgado O´Neill de Bulhões. Aqui está um fotógrafo português do século passado, desaparecido prematuramente aos 37 anos mas que antes esteve nas ilhas açorianas a fotografar a pesca ao atum e a caça ao cachalote. Em 2007, a editora Assírio e Alvim lançou o livro de fotografias "Reportagem nos Açores", com um prefácio de Alfredo Saramago que nos conta o seguinte: "O Alexandre, ao longo da sua curta existência, entendeu que a fotografia era um meio caminho entre o mítico e o místico e que, na maioria das vezes, o fotógrafo não passa de um sedutor de imagens."