terça-feira, 9 de maio de 2023

Maio, Marítimo, Maio

     

Fotografia de Frederico Rocha
   Entramos no mês de Maio, vida e obra das flores, dizem. O tempo continua nublado, invernoso, imperturbável no seu cinzento operante, tão presente na inibição dos corpos e das energias. No entanto, no mar açoriano esta é a época em que vemos cruzar conjuntos de baleias azuis, não fossem estas os maiores animais existentes nas funduras do Atlântico. Os biólogos marinhos asseveram que a riqueza alimentícia do fundo do mar e as quantidades de krill são usados pelos cetáceos enquanto “estações de serviço”, fazendo com que estes se abasteçam de alimento, antes de rumarem até próximo dos calotes polares. Quem já presenciou esta passagem, no mais pequeno fogacho que fosse, soube apreciar tamanho acontecimento e júbilo visual, captando e guardando para si imagens nunca vistas. Por esta altura, os Açores voltam a ser a porta de entrada no continente europeu para milhares de velejadores e temerários do mar. As marinas ficam ocupadas de todo o tipo de iates, veleiros, navios, cruzeiros ou outro tipo de embarcações em circulação. Por aqui passam exemplares dignos de figurar na arte da construção naval, para lá das réplicas de embarcações de séculos anteriores que usufruem da Primavera para se lançar na navegação. Os marinheiros ou iatistas aproveitam a sua estadia para fixar pinturas das suas bandeiras nos passeios ou paredões, gozam também de tempo útil para conhecer os habitantes locais e relatar as suas façanhas e aventuras, ou, de forma natural, vazar o gin, o vinho ou a cerveja local. Há ainda muitos navios-escola carregados de juventude que encontra nas viagens marítimas espaço de aprendizagem, ciência ou terapia…ou, por muito que exista este cinismo contemporâneo, a esperança no futuro, como o caso do afamado veleiro “Três Hombres”, que a cada passo retorna para servir de modelo em registos do comércio justo, mantendo-se, assim, fiel ao transporte de mercadorias com o sabor do vento e das velas. E, por isso, apetece tanto cantar como os “The Waterboys”: “That was the River/ This is the sea!"

Maio

O quinto mês do ano deve o seu nome à deusa da terra e das flores, Maia, filha de Atlas. 
in Dicionário do nome das coisas e outros epónimos, Orlando Neves, Editorial Notícias.