Regressámos, portanto, aos ensaios, ainda que o
façamos mais cedo pois havia filme-homenagem que não queríamos perder. Passou,
entretanto, mais de uma década sobre a memória de “Ver o Pensamento Correr”, um
documentário sobre António Palolo, realizado por Jorge Silva Melo. Por isso,
foi muito importante ver este “Ana Vieira: e o que não é
visto”, não pela semelhança entre artistas mas pela forma com o realizador
“encena os seus documentários sobre artistas plásticos”. Jorge Silva Melo começa
por dialogar com Ana Vieira, filmando-a inicialmente de costas num jogo de
ocultação/visibilidade, investindo no questionamento do espectador com as obras
de arte, essencialmente na forma como este as percepciona e se coloca perante
os objectos artísticos. Deste modo, permite que Ana Vieira esclareça esse jogo de espelhos,
as sombras e transparências...fazer ver de fora e com uma consciência em off.
Sem dúvida, um documentário subtil, delicado e honesto na representação da
artista e do seu trabalho. Hoje há conferência pelo Paulo Pires do Vale na
Galeria Fonseca e Macedo.
E depois, voltaremos novamente à luminosa e
encantadora Santa Clara, antes deste fim de Agosto, esse mês em que gostaríamos
de permanecer como na infância…os últimos dias deste Estio caloroso, húmido, e
com o sabor a sal. Leremos, assim, repetidamente e, de forma exaustiva, partes da peça, já com bancos do
cenário montado, sobretudo para que dessa forma possamos encontrar uma maior
“organicidade” do texto teatral – um chavão agora repetido e abusado ad nauseam pelos já poucos espectadores de teatro. E, queiramos ou não, lá entraremos em Setembro…