Uma das coisas que mais gosto de
fazer quando vou à procura de um livro é descobrir poetas ou romancistas de que
nunca ninguém tenha ouvido falar, ou que então se considerem esquecidos.
Lembro-me de um dia ter encontrado um pequeno livro de poemas intitulado
“Filmes Coloridos”, num fundo de uma livraria/armazém da cidade Porto. Aquele
livro parecia-me abandonado, sem leitores, olvidado. Como na altura me parecia
barato – cinquenta escudos – fui oferecendo a todos os meus amigos que
encontrava na rua. Esse livro do poeta João Camilo serviu também para uma noite
de poesia colectiva/performance no jardim de uma república coimbrã, enquanto estudante, e ainda hoje
me acompanha. Passaram-se tantos anos e é como se este livro continuasse vivo por aqui. É o livro que eu gostaria de ter escrito, o livro que eu gostaria de ter publicado e, por isso, ainda bem que existe.