Fotografia Carlos Olyveira |
E, subitamente, não há ninguém nas ruas da urbe
principal de São Miguel. Ponta Delgada está agora deserta, desde que há cinco
anos, com o aparecimento das companhias aéreas de baixo custo, se renovava de forma
intensa e imprevista com tudo aquilo que o turismo podia mudar para melhor:
iniciativa, criatividade e variedade na oferta de propostas, tanto comerciais
como culturais.
À parte as rendas para habitação de longa duração
que dispararam em flecha, algumas mesmo para preços estratosféricos, foi muito
interessante reparar na renovação de muitos edifícios e casas bem como no
florescimento do comércio nas ruas do centro histórico. A cidade de Ponta
Delgada ganhou, assim, uma nova dinâmica e colorido, pautada por um turismo
muito eclético e diversificado. Deste modo, apareceram restaurantes para
diferentes gostos e carteiras, alguns com muito bom gosto, cafés, lojas gourmet, galerias de arte e ainda outros serviços
comerciais que se adaptaram e restauraram a sua montra e leque de oferta.
Por esse motivo era, até há bem pouco tempo, muito entusiasmante
constatar os diferentes linguajares à volta dos cafés e das praças, misturados com o sotaque
local e ainda o ambiente de festa e de modernidade que por aqui se vivia. Por
esta altura do ano, deveríamos estar todos a viver intensamente os dias do “Tremor”, um
festival de música que todos os anos apresenta uma panóplia alargada de artistas
oriundos das mais distintas partes do mundo, com um programa muito sui generis e eclético,
marcado sobretudo por surpresas e descobertas. O dia principal do Tremor realiza-se a um sábado e é digno de registo e muito interessante verificar a dinâmica de que
como a cidade interage com próprio festival, pois os concertos podem ser
realizados, ora num café, igreja, estufa ou mesmo numa loja de roupa.
Ponta Delgada parece agora uma cidade adormecida,
ainda que estes dias iniciais da Primavera com muita luz não deixem a cidade
descansar de tanta beleza e comoção. O seu coração está, por agora, invisível,
porventura aguardando com esperança e paciência que as artérias que lhe davam vida possam de novo fazer circular
o seu melhor sangue.