domingo, 4 de fevereiro de 2018

Situação da Arte - Inquérito junto de Artistas e Intelectuais Portugueses

de Eduarda Dionísio, Almeida Faria e Luís Salgado Matos
(Fotografia de Carlos Olyveira)
  “-Eu conheço muito mal a arte. Sou novinho e normal e ando nos estudos. Este ano o senhor professor está a ensinar-nos o que é a estética. Eu ando a ler um livro muito bonito feito há muito tempo por um senhor que já morreu chamado Platão. Isto porque já os antigos se preocupavam com estas coisas. Faço quadradinhos, o que me dá o direito a ser tratado de artista plástico, e agora chamam-me intelectual português, e quem sabe se não me estragaram a vida toda ou se me não estragaram toda a vida. Ou assim. E então artista plástico faço uns quadros. E os artistas plásticos têm de ser burros, o que é pelo menos a primeira coisa que as pessoas (certas) estão à espera (ainda) que eles mostrem. E afinal que digo? Meus senhores, a arte é, isto é, tinha obrigação de ser, o meu ganha-pão. E aí, a arte é uma coisa séria. Et là je m´énerve. Eu gosto muito da arte.”
                                     Eduardo Batarda 

Shane MacGowan: Parabéns!

            
         
Assisto agora ao vídeo de celebração dos 60 anos de Shane MacGowan, concerto realizado no dia 15 de Janeiro no National Concert Hall, em Dublin, na Irlanda, sobretudo  o momento em que Nick Cave canta "Summer in Siam". Para além do músico australiano estiveram presentes: Johnny  Deep, Bono, Sinead O'Connor, Lisa O'Neil, Glen Hansard, Imelda May, entre tantos outros. Desta feita, enquanto se ouvia o tema “Summer in Siam” o aniversariante entrou em palco de cadeira de rodas e de copo de tinto na mão, erguendo o braço e cantando lado a lado como o músico dos Bad Seeds. O público entrou de imediato em delírio e lembrei-me dum concerto dos "The Pogues" no Porto, julgo ter sido no Estádio das Antas, nos idos anos noventa (terá sido o único?) e em que Shane Macgowan entrou em palco, primeiro sozinho, gritou para a plateia: "Good night Oporto!" De t-shirt preta e empunhando uma garrafa de vinho do Porto e com uma baqueta na outra mão, mostrou a dentição e anunciando que algo naquele instante se iria passar…partiu a baqueta com os dentes  e correu com aquela garrafa de um lado para o outro, já com os músicos dos "The Pogues" presentes, incendiando a multidão que enchia o espaço, que não mais parou, desatando aos saltos e pulos, num rodopio de folia interminável. Recordo que durante hora e meia aquele pavilhão das Antas só conheceu a alegria, a boa disposição e uma música inolvidável. Por isso e por muito mais, aqui ficam os agradecimentos e os parabéns mais do que merecidos!