no mar é onde se erguem os barcos com
suas proas femininas seus dorsos
esquivos no mar se convocam os ventos
alguém chama por ti no silêncio
ondas incham e desincham velas
cantam a canção do desejo oculto
entre as palavras só falta ao corpo
um mastro um rosto um poema
uma vírgula húmida um leme
para rasgar o mar uma língua
para lamber o sal que há nas coxas
Paulo Ramalho