![]() |
Ficus macrophylla no Jardim António Borges
(Fotografia de Carlos Olyveira)
|
Mostrar mensagens com a etiqueta Lugares de Pertença.. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Lugares de Pertença.. Mostrar todas as mensagens
quarta-feira, 10 de outubro de 2018
sexta-feira, 23 de outubro de 2015
A Biblioteca Pública e Arquivo de PDL


A recuperação do antigo Colégio Jesuíta
para Biblioteca Pública e Arquivo de Ponta Delgada (projecto desde 1989, e obra
desenvolvida longamente entre 1992 e 2001), é de Carlos Duarte (1926 -). Embora
obtendo uma imagem com pouca visibilidade desde o exterior urbano, o programa
conseguiu incluir uma vasta série de novos espaços e a recuperação de outros,
entre os volumes, as galerias e os pátios existentes.
Este edifício articula-se com o da
igreja, cuja fachada religiosa de expressão
barroca, é a mais impressiva e original da cidade, dentro do gosto
afirmativo e monumentalizante da Ordem. A nave e espaços internos anexos foram
recuperados recentemente para instalação do Museu de Arte Sacra (projecto de
José Cid e Isabel Cid (concluído cerca de 2005).
in Arquitectura Contemporânea dos Açores, de José Manuel Fernandes e Ana Janeiro.
quinta-feira, 13 de agosto de 2015
Et blikk av uoppnåelig ømhet
![]() |
Ilustração de Daniel Seabra Lopes |
Det blikket…
Søndag, søndagsformiddag,
Skulle det være slik, virkelig slik, vil det bli?
Det blikket, blikket ditt, det ansiktet, ansiktet
ditt,
Søndag, søndagsformiddag
Det blikket, blikket ditt, blikket ditt...
av en uoppnåelig ømhet
Søndag, søndagsformiddag,
Skulle det være slik, virkelig slik, vil det bli?
Det blikket, blikket ditt, det ansiktet, ansiktet ditt,
Allerede uten kirkesang, Gud, TV og fotball
Intellektuelle unge, ikke egentlig
Vite, uten å virkelig vite
Et ønske om å tilhøre eliten
Ingen elsket film som oss
Øktene startet tidlig, for tidlig (...)
(pequeno excerto do texto em norueguês de "O Olhar de uma Inatingível Ternura- texto para Liv Ullmann"), Fernando Nunes, tradução de Kristina
Øie Kvile.
domingo, 5 de outubro de 2014
Mar de Outubro
Outubro é o mês da limpa saudade.
As raparigas e os rapazes deixam de falar do insondável verão. Os telemóveis
suspiram, descansam mais um pouco, sucumbem até aos próximos fins-de-semana.
Sosseguemos. Fumam-se mais cigarros no intervalo da vida. E das vagas certezas
quotidianas arrefecemos antigos entusiasmos e outros devaneios futuros. Por
instantes, não queremos ouvir falar de promessas elencadas no calor das areias.
Os dias, subtis, escondem mágoas e às oscilações dos travesseiros contornamos
com o azul desbotado das camisas pois julgamos ainda que o Outono ainda não nos
venceu completamente. Olhamos em redor e vemos que há paredes que ficaram
eternamente por pintar. Prometemos que será no próximo verão de calendário. Até
que pode haver dias em que contrariarmos tudo isso. Pode ser hoje, já este
domingo? Claro que sim. Levantar com os galos, bem cedo pela manhã, querer
muito rever os animais que habitam neste meio do oceano, o atlântico, como
sempre na parceria daquele lobo do mar, generoso e sábio, mesmo que os motores possam hesitar nas horas do
regresso e, que, contrariamente a tudo o que possam dizer, persistamos no riso e na alegria, ainda que
outros continuem frios e distantes sem saber o valor destas horas de contentamento e
sem programa. Lembrar que no início da viagem aquela visita dos cagarros que
caem a pique, suspendendo a trajectória para impressionar o nosso esgar e lhe
seguirmos indefinidamente o rasto no redemoinho das vagas, até depois avistarmos
os alvos garajaus nos preparativos da partida até outros lugares de canícula e do
sereno do céu. Assim, sem plano traçado, apenas o céu de chumbo e de chuva, ora azul
ora cinzento, não prevendo um dia inteirinho no mar na sua cor de cobalto, com
a companhia de cachalotes, tão tímidos e exuberantes no seu bufar ou ainda de
dinâmicos golfinhos em velocidades leves e estonteantes, de tão exibicionistas naquele brio de
performances colectivas. Eis-nos, assim, de volta ao oceano e ao mar. Ao mar de
Outubro.
quarta-feira, 16 de julho de 2014
Discos d´Estio
“When there's things to do not because you gotta
When you run for love not because
you oughta
When you trust your friends with
no reason notta
The joy I've named shall not be
tamed
And that summer feeling is gonna haunt you one day in your life”
"That Summer Feeling"-Jonathan Richman
sexta-feira, 11 de julho de 2014
As Bicicletas...
A primeira bicicleta com pedais
(na roda dianteira) foi erigida, à volta de 1839, por Kirkpatrick Macmillan, um
ferreiro escocês. Mas somente em 1885 apareceu a primeira bicicleta moderna
reconhecível, com uma corrente fazendo a ligação dos pedais à roda traseira.
Este modelo foi denominado "bicicleta segura", por ambas as rodas
serem de tamanho igual, em vez do modelo anterior, no qual o ciclista se
sentava no topo de uma enorme roda dianteira.
quinta-feira, 10 de julho de 2014
Poesia de Cardápio
Filete de Veja salteado com Manteiga de Limão e Sementes de
Funcho acompanhado de Arroz Selvagem e
Salada da Horta.*
*Ementa do restaurante Cais d`Angra.
sábado, 7 de junho de 2014
Do Junho
O garajau supera o tubular Maio
denunciando o cálido éxodo rasante
o instante brilho das escamas
em branco e espuma no estio chegando.
denunciando o cálido éxodo rasante
o instante brilho das escamas
em branco e espuma no estio chegando.
sexta-feira, 9 de maio de 2014
Europa.
Duas décadas
depois de ter feito Erasmus na cidade grega de Salónica, regressam agora as
eleições europeias. Hoje, dia da Europa, é verdade que muitos de nós continuamos sem saber
muito bem o que é exactamente a União Europeia.
Naquela
altura, vivia-se um período de desafogo e euforia económica e a Grécia, o berço
da civilização, permitia corroborar que a Europa enquanto conjugação de várias
culturas era per si uma construção
frágil. Não é fácil, por mais que se queira, juntar italianos com suecos,
portugueses com alemães, espanhóis com holandeses, ainda por cima tripulantes da
mesma galera e que a viagem corra às mil maravilhas. No entanto, é possível com
algum sonho e utopia construir uma ideal de democracia que nos permita sair do
ancestral estado bélico e da contínua atracção pela barbárie, bem como montar a
paz por muito tempo e ainda que possamos alargar o campo de possibilidades de
uma sociedade mais justa, democrática e solidária.
Algum tempo depois desse ideal sonhado não há presentemente
muito para celebrar. O desemprego é a face da moeda mais
visível desse desencontro e o medo de viver em democracia
tornou-se uma realidade das sociedades contemporâneas, a acrescentar à contínua anulação
das diferenças e formas de estar de países com fraco poder económico. É tempo, portanto, para evocar a experiência Erasmus e
essa utopia da união das diferenças e de aceitação pelo ritmo e cultura de cada
comunidade e país. Foi assim uma experiência única e vivida de forma intensa e
que foi muito além das trocas universitárias e do programa de estudos aí
existente. Talvez por isso, aprenderam-se línguas, viajou-se bastante dentro e fora do
país em que se esteve, conheceram-se os hábitos e os gostos alimentares de um país
diferente do nosso, contactou-se com a história e a cultura de um outro país bem como
se fizeram amigos e conhecimentos que perdurarão ao longo da vida. Uma coisa
é possível garantir: o melhor da União Europeia passou por aquele
projecto em construção e pela sua ideia de miragem sem grandes imposições. O Erasmus era a união das
diferenças e não o domínio e a imposição de uns sobre outros. Ainda restam dúvidas sobre isso?
As Nuvens, as Nuvens...
Fotografia: FN |
Não sabemos nunca o que dizer
sobre nuvens. Há quem já tenha escrito que as Nuvens Não Precisam de Almofadas.
Gostamos delas quando se mexem, quando se agitam, quando brincam no céu como
crianças no recreio. Gostamos menos quando ficam paradas, quando se instalam,
quando zangadas para nós olham sem saber o que dizer. Muito cinzentas sabemos
que mais cedo ou mais tarde irão chorar. A maior parte das vezes somos
impacientes com elas, rogamos-lhes pragas, fazemos preces para que passem e nem
sempre sabemos o que fazer com elas em dias felizes, a não ser que procuremos
nas gavetas poemas que não sabemos muito que direcção, rumo ou orientação lhes
dar, certamente depois de descobrirmos que afinal o seu instrumento de medição de velocidade e destino já ter sido inventado há muito, muito tempo: “Na rua do inventor do Nefoscópio/ incide
amplo e plúmbeo amplexo/ pesadas nuvens em inusitado branco/ luz rala em cinzento desfeita/ frenética oposição à
precisão/ arremessar a manhã ao sol de Maio/ devolvendo o algodão à superfície/"
quarta-feira, 23 de abril de 2014
terça-feira, 8 de abril de 2014
Pavese e Alexandra sabem do que falam...
![]() |
Foto: Frederico Rocha |
Alexandra Lucas Coelho, após receber o Grande Prémio de Romance e Novela da
Associação Portuguesa de Escritores, com o seu romance "E a Noite Roda".
Citando Cesare Pavese:
“Un paese ci vuole. Non fosse che per il gusto di andarsene via. Un paese vuol dire non essere soli. Sapere che nela gente, nelle piante, nella terra, c´e qualcosa di tuo. Che anche quando non ci sei resta ad aspetarti.”
quarta-feira, 5 de março de 2014
O Miró pintor do Mundo!
segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014
Vitorino Nemésio: 36 anos depois!
Tenho uma Saudade Tão Braba
Tenho uma
saudade tão braba
Da ilha onde
já não moro,
Que em velho
só bebo a baba
Do pouco
pranto que choro.
Os meus
parentes, com dó,
Bem que me
querem levar,
Mas talvez
que nem meu pó
Mereça a
Deus lá ficar.
Enfim, só
Nosso Senhor
Há-de
decidir se posso
Morrer lá
com esta dor,
A meio de um
Padre Nosso.
Quando se
diz «Seja feita»
Eu sentirei
na garganta
A mão da
Morte, direita
A este
peito, que ainda canta.
Vitorino Nemésio,
in "Caderno de Caligraphia e outros Poemas a Marga".
segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014
Carlos Paredes: Dez anos depois!
Há quem o só tenha visto uma vez em
concerto. Foi no Teatro Rivoli, na cidade do Porto, antes de morrer. Calafrios,
emoção e rendição, pois claro. Dez anos depois do seu desaparecimento a música
dele continua a ser um monumento. Um monumento que pode ir connosco para todo o
lado ou ficar no interior de nós, muito bem guardadinho. Quem o conheceu diz
que era uma pessoa simples, amável, generoso, amigo do seu amigo. Ele não
precisa de estátuas nem de panteão mas sim de tocar na rádio, nos quartos, na
sala de estar ou nalgum lugar em que ele seja orgulhosamente recordado. Se
Portugal for um país de pessoas boas, sensíveis e delicadas, arranjará forma da música dele tocar hoje em
tudo o que for tasco, taberna ou casa de pasto em sinal de homenagem,
celebração e brio. Este exímio guitarrista bem o merece.Viva Carlos Paredes!
quarta-feira, 18 de dezembro de 2013
Os Mundos na Biblioteca
![]() |
A Biblioteca de Viera da Silva (1949) imagem do Blog "O Bibliotecário de Babel" |
As bibliotecas foram sempre depósitos de livros, leituras, de pesquisa e de silêncio. Às vezes são demasiado solenes e, porventura, ainda bem. Uma biblioteca pode, portanto, ser um ponto de descoberta de mundos novos, de vários encontros entre quem lê e quem escreve, impulsionador da troca de saberes e de experiências e, quem sabe, um lugar propício ao aparecimento de novas vozes que poderão ir de encontro ao que sentimos e queremos deste mundo em que vivemos. Numa biblioteca concentram-se mais mundos que o próprio mundo.
segunda-feira, 28 de outubro de 2013
A Alegria de Quem se Deixa
Não
sejas pantomineiro, não pretendas o palco só para ti,
escorregou-te a língua para proferires aquela verdade que experimentavas
naquele momento num tempo que te parecia suspenso e indefinido. Adivinhaste assim
o teu ponto fraco, previste o âmago de algo surpreendente do que se viria a
desenrolar a seguir. Sentado numa esplanada da rua da Palha foi como se o
teatro tivesse ficado vazio, sem espectadores, sem gente para assistir, dar
conta de tamanho abandono a encetar. Naquela manhã quase desvendaste que dali a
pouco seria tempo de partir novamente. Era uma dor devida e nunca merecida. A
dor maculada da partida. E no entanto havia a aventura do recomeço que se
afigurava na linha do horizonte. Nada na
vida é seguro, exclamaste. Naquele momento vias nascer um segredo e era
como se o sol depositasse na sua incandescência uma eloquência hábil e farta.
O
anúncio de saída estava por uma questão de dias, horas, ao virar da esquina. A bondosa
nova entraria assim por dentro do visor do telemóvel, mexendo e remexendo na
vida daquele inesperado actor que, dentro de instantes, ficaria mais uma vez
sem palco, sem guião, sem ponto por onde se orientar. De nada adiantaria o
lamento tão pouco a convulsão sentida após aquela mensagem directa e fugaz. A
mudança a germinar no fundo do poço com um redemoinho das águas. Ou pomba morta
após delicado voo, como se a tua língua e o mundo em volta deixasse de existir,
de significar o que quer que fosse. Instalava-se assim a frieza como um
requinte inventado e esquecida pela voluntária incerteza criada. Petrificado.
Quase
em pranto, olhaste em volta. Nada te faria levantar com as pernas coladas à
cadeira nem mesmo a tradução de um manifesto desenhado ao longo do ano em que
ali viveste. Num desespero súbito satisfizeste a curiosidade e confiaste que aquele
fresco destino te seria favorável. Havia, no entanto, a pequena chama acesa
dessa recente geografia a apelar e a relembrar visitas oferecidas no passado em
geometrias variáveis, pueris e confusas. Acreditaste, por instantes, que à tua
volta já pouco ou nada fazia sentido e talvez viajando investigarias as
possibilidades que coubessem num bolso das calças bem como o resto da esperança
da difícil apreensão do mundo ou ainda a desconfiança completa e a infelicidade
gerada pela desilusão dos gestos em redor. A dor batia à porta. Outra e
outra vez. Regressarias à provisória casa sem riso, sem as prováveis palmas,
tão pouco os esgares espantados de uma plateia que te acompanhou durante
dilatado período de tempo. Tudo se desmoronou em segundos: o espelho dos outros
que não foram dignos desse olhar, o escangalhado quotidiano, a vetusta alegria
na derrapante vida com a visão do mar ao fundo, o quente sabor e cativante
proveniente daquela chávena quotidiana de café que ainda te segurava. O espectáculo, esse,
seguiria dentro de momentos, não importava onde. Olhaste de soslaio para aquela
rua da Miragaia e constataste que não mais usarias o motor do vento para a
subir, não mais escalarias a calçada com o intuito de aqueceres o corpo ou
secares a roupa com tantos e tantos pingos de chuva de um inverno infindável
que se prolongará até ao início do verão. Enfim, de uma coisa tinhas a
convicta certeza, é de que em todas as ruas em que viveste não olhaste poderes de vezes para os pormenores nem
detiveste o teu pensamento em disparates
das singularidades de um lugar. Por isso, muitas vezes espreitaste para dentro da
casa dos teus vizinhos e pensaste na forma como se entretinham ou resolviam os
seus problemas, estudaste e quiseste saber quem teria ali vivido: as suas
reclamações, as suas pequenas dores, os seus eternos vícios e as suas privadas virtudes. Houve mesmo um fim-de-semana
em que quiseste perceber como é que a música podia influenciar a vida dos teus
contemporâneos, percebendo aí a semelhança entre os músicos que habitavam nos
subúrbios de cidades do norte da europa e aqueles que agora ocupam as moradias das
ruas de ilhas de antigos impérios. Puseste-te a pensar nessa criação desmesurada que pode
ocorrer no interior das casas e dos quartos enquanto a água vai caindo no exterior,
marcada pela intensidade e o ritmo das estações, nesses lugares onde os mais novos já não têm
paciência para ouvir a mesma música duas vezes.Sonhaste.
Por fim, alçaste o corpo e,
momentaneamente, quiseste esquecer o pensamento de todos os idealistas desde Péricles e o que ainda resta das quimeras da
social-democracia de Olof Palme, as dunas e gaivotas das praias o´neillicas e as
preces e cânticos religiosos dos marujos açorianos. Abandonaste assim o lado
esquerdo da vida e, errantemente, seguiste em frente sem olhar para trás, pensando que nenhuma estrada ou
recompensa é mais forte do que a alegria de quem se deixa.
Subscrever:
Mensagens (Atom)