domingo, 21 de maio de 2023

Dez Haikus de Naná da Ribeira

 Canal

No Canal de Estocolmo extasiado
Deram-me um leme e eu navego 
É o verão cheio à tua procura 


Poça Ti Silvina 

Dentro é calor demasiado 
Corpo dormente, apatia, 
E é hora de arrepiar caminho 

Hora do Mercado 

Escutam-se os pássaros ao jantar
Invasores, pousam no braço das cadeiras,
Amanhã voarão junto à penedia

Tás Cá?

Encerraram a porta antes da madrugada 
Não vá o poeta amanhecer
A recitar versos nas caixas dos correios

Frescas 

Bebemos sem expressar dúvidas 
Ultrapassando todos os limites 
Do mar de incertezas a que acabamos de chegar

Nuvens de Lá 

Decoro os seus nomes com vagar
Enquanto o tempo ajuda a clarificar 
E nem da janela já as avistamos 

Nova Política

Servidores da polis com vigor 
Encarar de frente o obscurantismo secular
Até ganhar de vista um horizonte 

Candelária

Duas palmeiras elevadas ao céu
Embalam a harmonia de brasas
São círios que se acendem até ao mar 

Catarata 

Irrompeu assim uma nuvem invasora 
Nada restou senão imaginar 
Outras quedas ainda maiores 

Domingo 

Em busca do silêncio coral
Abarcamos sábio legado em movimento
Um diálogo marinheiro com as águas