Amarga
coincidência essa de te fotografarem
sentado no
peitoril de uma janela tocando
trompete e o
modo como morreste. A toada
limpa e
morna que se ouvisse se tocavas para alguém
para a
cidade ou apenas para a noite são perguntas
com tanto de
inútil como de impossível de responder.
Permanece o
forte tempero de ironia de que
o jazz é
composto esse sorriso à dor uma forma
de unir tudo
o que na vida é fuga.
Agora só
essa toada de bicho nocturno confirma isso
a ironia a
fotografia a forma como morreste e quem sabe
um engano
que levasse o tempo de uma queda
de um corpo
da janela ao chão da rua.
António Amaral Tavares