segunda-feira, 1 de maio de 2023

Projeto 432 Hz: A Frequência Perfeita!

Projeto 432 Hz no
CAC
Arquipélago
          Há cerca de um ano, mais ou menos por esta altura, e, após uma conversa de Gianna de Toni e Mónica Reis, um grupo alargado de pessoas pôs mãos à obra na realização e preparação de um espectáculo intitulado Projeto 432 Hz. Tendo por tema o mar, essa porção de água salgada de grandes dimensões, o resultado final foi apresentado este último fim de semana no Centro de Artes Contemporâneas, Arquipélago, primeiro numa sessão para as escolas e depois aberto ao público em geral, que correspondeu em massa e com muitas palmas. 
           O  Projeto 432 Hz pretendeu realizar em palco essa mistura de várias artes com a ciência, contando na música: Raquel Faria (harpa); Margarida Custódio (violino); Júlia Silva (violino); Matilde Rodrigues (viola); Pedro Raposo (violoncelo), André Gonçalves (contrabaixo); Diogo Bouça (piano); Andreia Sousa (ocean drum) e James Kirst (sintetizador e vinil); na poesia (pela voz de João Malaquias), no desenho (pela mão de Ivo Baptista), na projecção de vídeo (com Katarina Rodrigues, Sara Rodrigues e Roberto Amado) - para além da recolha de imagens da Futurismo e Best Spot, nos sons da Cornell University, em Nova Iorque, sendo a supervisão científica da bióloga, Andreia Sousa. 
            Ao longo de quarenta e cinco minutos, mergulhamos na música e imagens projectadas na tela da blackbox, imersos em sons de animais marinhos que dialogam com músicos espalhados pela sala ou sentados em puffs ou junto dos seus instrumentos, tendo sempre  com referência essa massa líquida e a vida que a compõe. Um momento de grande intensidade corresponde à reunião efectuada através do piano (Diogo Bouça) e a harpa (Raquel Faria), ambos de branco e descalços, com uma composição que remeteu de imediato para o mundo onírico dos fundos marinhos, um escape em mar aberto tocado de forma delicada, numa harmonia de forte sentimento e expressividade.
          Em suma, um espectáculo que pode muito bem circular pelo arquipélago ou mesmo ser dado a conhecer em salas de concertos do continente português, mostrando, assim, a beleza do mar profundo açoriano, acompanhada por estes criativos que ousaram combinar ciência e arte ao longo de um ano de profunda invenção e dedicação, sem esquecer a crítica ao antropocentrismo existente e que nos é tão útil e necessária.