A capa do livro (Fotografia de Carlos Olyveira) |
terça-feira, 17 de outubro de 2017
"A Sonata de Outono" de Ingmar Bergman
Bergman quis abordar a relação parental em “Sonata de Outono”, para isso juntou na tela duas das suas actrizes predilectas: Ingrid Bergman e Liv Ullmann. O filme mostra uma mãe, pianista de profissão com uma carreira ascendente, e uma filha à beira do precipício emocional. Quando se fecham os nossos próprios olhos e apenas se ouvem estes diálogos, esse sussurrar entre mãe e filha é audível o transtorno, sendo que é como se estivéssemos perante um ajuste de contas na idade adulta. Incomodados, pois, sentimo-nos ao observar esta arena familiar e que, à medida que o filme avança, vamos também percebendo que esta espiral é tal e qual o debulhar duma cebola, já que presenciamos várias camadas, isto é, o alumiar duma relação agitada marcada essencialmente pela ausência e por tudo aquilo que nos vai escapando em função de outras ambições menos terrenas, imersos que estamos na voragem invisível da passagem dos dias e das estações.
Este filme convocou também e, pela primeiríssima vez, o encontro entre um realizador e a actriz conhecidos além fronteiras europeias, ambos oriundos de Estocolmo, mas com percursos e posições estéticas diferentes. Conta-se que o reencontro e as filmagens terão sido turbulentas e com direito a várias peripécias, narradas ainda hoje pela actriz norueguesa, Liv Ullmann. É certo que as salas de cinema já não comportam estas intimidades e espessura cinematográfica mas valeria bem a pena tentar.
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