segunda-feira, 22 de agosto de 2022

O Verão e os Jornais Estrangeiros


    Todo e qualquer verão pode ser um repositório e catalisador na evocação de memórias passadas. Aquele restaurante situado em frente à antiga escola secundária já não tem, ao lado do balcão, o pequeno quiosque onde se vendiam e liam jornais estrangeiros. É o filho do dono que conta que, após a morte do pai, já lá vai mais de uma década, as pessoas deixaram de procurar aquele quiosque para comprar os jornais que ali ganhavam destaque e exposição no mostruário: “El Pais”, “Le Monde”, “Le Figaro”, “La Reppublica”, Corriere della Sera”, “Die Welt”, o “Globo” ou a “Folha de São Paulo”, bem como tantos outros. Era comum estes jornais, após a leitura dos seus compradores, ficarem espalhados pelas mesas, misturados depois com os periódicos nacionais e dos desportivos. Comprar um jornal significava, assim, ler os outros todos e trocar opiniões sobre o conteúdo dos mesmos, sendo os interlocutores novos e velhos. É com saudade, talvez mesmo uma nostalgia funda, que agora deixamos de ver aqueles jornais estrangeiros espalhados pelas mesas, ao mesmo tempo que serviam de motivo de tantas conversas dos habituais frequentadores daquele café. Para além das línguas que se aprendiam, do conhecimento que se adquiria  e do desejo de viajar que, para muitos, começava ali a despontar.

"In God We Trust" de Miguel Mansilha

 Os portugueses de New Badford
ainda moram na ilha
E transportam a candura própria 
de quem respira o ar de São Miguel
Diferem dos credos, mesmo os cristãos,
pois tem uma relação menos materialista 
com o "american dream".
Quando olham as notas verdinhas do tio Sam,
chamam-lhe uma dólar 
com a ternura de quem faz amor
com uma couve tronchuda
depois das geadas de Janeiro (tão tenrinha!)