Todo
e qualquer verão pode ser um repositório e catalisador na evocação de memórias passadas. Aquele restaurante
situado em frente à antiga escola secundária já não tem, ao lado do balcão, o
pequeno quiosque onde se vendiam e liam jornais estrangeiros. É o filho do dono
que conta que, após a morte do pai, já lá vai mais de uma década, as pessoas
deixaram de procurar aquele quiosque para comprar os jornais que ali ganhavam
destaque e exposição no mostruário: “El Pais”, “Le Monde”, “Le
Figaro”, “La Reppublica”, Corriere della Sera”, “Die Welt”, o
“Globo” ou a “Folha de São Paulo”, bem como tantos outros. Era comum
estes jornais, após a leitura dos seus compradores, ficarem espalhados pelas
mesas, misturados depois com os periódicos nacionais e dos desportivos. Comprar
um jornal significava, assim, ler os outros todos e trocar opiniões sobre o
conteúdo dos mesmos, sendo os interlocutores novos e velhos. É com saudade, talvez mesmo uma nostalgia funda, que agora
deixamos de ver aqueles jornais estrangeiros espalhados pelas mesas, ao mesmo tempo que serviam de motivo de tantas conversas dos habituais
frequentadores daquele café. Para além das línguas que se aprendiam, do conhecimento que se adquiria e do desejo
de viajar que, para muitos, começava ali a despontar.
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