"Os Meninos do Vidro" |
segunda-feira, 22 de agosto de 2016
Tereza Arriaga: "Os Meninos do Vidro da Marinha Grande"
À Luz e à Sombra de Alexandre O´Neill – Trinta anos depois
Fotografia Carlos Olyveira a partir de desenho de João Lázaro |
“À Luz e à Sombra de Alexandre
O´Neill – Trinta anos depois” foi o pretexto para que nos juntássemos e lêssemos
textos do poeta falecido a 21 de Agosto de 1986, no Hospital Egas Moniz, em
Lisboa. Desta feita, a poesia de Alexandre O´Neill obteve novos timbres, ritmos
e cadência de quem o quis homenagear no "Lisboa, Menina e Moça", ali mesmo no centro histórico de Ponta Delgada. Recorde-se que este poeta não era muito dado a
celebrações e homenagens. Lembrou-se também o seu percurso pela publicidade, já que ele
ficou conhecido pelo "há mar e mar, há ir e voltar". E o fadista Mário
Fernandes cantou o seu poema “Gaivota”, acompanhado pelo Alfredo Gago da Câmara, sabendo
nós que este não era apreciador de fado pela associação ao regime salazarista. A noite de domingo não foi, por isso mesmo, uma feira
cabisbaixa, tendo tido um ponto muito alto quando a Margarida Benevides disse um texto (gravado no coração) do poeta que resume, e de que maneira, a sua existência literária: “Que quis eu da poesia? Que quis ela de mim?
Não sei bem. Mas há uma palavra francesa com a qual posso perfeitamente exprimir
o rompante mais presente em tudo o que escrevo: dégonfler. Em português,
traduzi-la-ia por desimportantizar, ou em certos momentos, por aliviar, aliviar
os outros, e a mim primeiro, da importância que julgamos ter. Só aliviados
podemos tirar o ombro da ombreira e partir fraternalmente, ombro a ombro, para
melhores dias, que o mesmo é dizer, para dias mais verdadeiros. É pouco como
projecto? Em todo o caso, é o meu. O que vou deixando escrito, ora me desgosta,
enjoa até, ora me encanta. Acontece certamente o mesmo aos outros poetas,
tenham estatuto ou não. Mas comigo, talvez essa oscilação se dê com mais
frequência. É que a invenção atroz a que se chama o dia-a-dia, este nosso
dia-a-dia, espreita de perto tudo o que faço. É o preço que tenho pago para o
esconjurar, pelo menos nas suas formas mais gordas e flácidas.” E ao que
parece, as pessoas que assistiram gostaram!
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