domingo, 26 de março de 2023

Verso de Tim Buckley

 Long afloat on a shipless ocean 

"A Hora que Ainda Não É" de Mário Henrique Leiria

          "Há sempre uma hora que ainda não é. Nessa hora nós esperamos tudo que ainda não está e tudo que ainda não foi. É a hora de beber vinho e amar, amar muito, amar muito a lucidez, a loucura, as mulheres e as cartas de jogar a vida, as cartas de jogar a vida, de jogar o amor, a loucura, a lucidez, as mulheres e as pinturas que já fazíamos com cascas, garrafas, pedras, cartas velhas e geográficas que arrancávamos com fúria das paredes da velha casa burguesa, em que imperava uma pantufa já rota mas, apesar de tudo, sempre pantufa. Só nos fica aquela sensação que é o esperar e duvidar. Esperar até que a nossa própria camisa branca se transforme numa camisa aos quadrados, quadrados tão cheios de cor que se espetam nos nossos olhos, e nos gritam: - Foge da tua escuridão! Agarra o ar encarnado e a atmosfera azul das montanhas cúbicas que ascendem em espirais imóveis no céu de todos os Deuses que só existem em nós.
          Cresce agora a árvore sem folhas secas, a árvores feita de nós, da hora e de tudo que é vivo." 
in Obras Completas de Mário-Henrique Leiria, E-Primatura.

"No Feminino" no CMC: Até dia 30!

           
"Lugar Improvável"
Sofia de Medeiros
 Termina já no dia 30 de Março a exposição “No Feminino” e foi realizada para assinalar a força e a representatividade do feminino nas Artes Plásticas em São Miguel. Desde Janeiro que o Centro Municipal de Cultura dá a ver esta mostra de objetos artísticos pertencentes a vários artistas nascidos no arquipélago ou com ligações às ilhas.
          É de aproveitar, portanto, o público em geral nestes últimos dias, presenciar, ao vivo e a cores, a obra e trabalho dos artistas da ilha de São Miguel e não só. Artistas esses que tiveram percursos e formas diferentes de entender a arte e que fizeram das artes visuais o seu modo de se conectar com a vida e evidenciar a sua visão do mundo.
           A par desta mostra, há também um catálogo que reúne uma considerável variedade de obras presentes na exposição: Filipe Franco (“Femina 1#”); Isabel Silva Melo (“Ilha II”); Leonor Almeida Pereira(“Açor – Título Sem Paisagem”); Maria José Cavaco (“A fairer house than prose 65”); Nina Medeiros (“Bounding NatureI”); Paula Mota (“Ilha III”); RzOZE SELAVY (“Wine Esporas”); Sofia de Medeiros (“Lugar Improvável”); Urbano (“DAPHNE#5”); Victor Almeida (“Mulher I”); ligando, assim, gerações e cruzamentos que ora se afastam
 ou complementam, criando uma estreita ligação entre o passado e o presente - “os vestígios de cada personalidade”, segundo a curadora da exposição, Alexandra Baptista.