"Há sempre uma hora que ainda não é. Nessa hora nós esperamos tudo que ainda não está e tudo que ainda não foi. É a hora de beber vinho e amar, amar muito, amar muito a lucidez, a loucura, as mulheres e as cartas de jogar a vida, as cartas de jogar a vida, de jogar o amor, a loucura, a lucidez, as mulheres e as pinturas que já fazíamos com cascas, garrafas, pedras, cartas velhas e geográficas que arrancávamos com fúria das paredes da velha casa burguesa, em que imperava uma pantufa já rota mas, apesar de tudo, sempre pantufa. Só nos fica aquela sensação que é o esperar e duvidar. Esperar até que a nossa própria camisa branca se transforme numa camisa aos quadrados, quadrados tão cheios de cor que se espetam nos nossos olhos, e nos gritam: - Foge da tua escuridão! Agarra o ar encarnado e a atmosfera azul das montanhas cúbicas que ascendem em espirais imóveis no céu de todos os Deuses que só existem em nós.
Cresce agora a árvore sem folhas secas, a árvores feita de nós, da hora e de tudo que é vivo."
Cresce agora a árvore sem folhas secas, a árvores feita de nós, da hora e de tudo que é vivo."
in Obras Completas de Mário-Henrique Leiria, E-Primatura.
Sem comentários:
Enviar um comentário