Fotografia de Tânia Neves dos Santos |
"Temos de mudar o paradigma da conservação para o paradigma da restauração. Preservar o que existe já não chega, temos de passar para uma lógica da restauração. Esta lógica implica uma mudança profunda nas pescas a nível mundial, em termos de subsídio e monitorização, da gestão que tem que ser feita muito mais em co-gestão, com os pescadores a terem uma co-gestão, com os pescadores a terem uma responsabilidade dos stocks pesqueiros, que hoje em dia não têm. Temos de voltar a regenerar as zonas costeiras, que são as mais martirizadas do oceano. Temos de pensar como podemos aumentar exponencialmente as zonas costeiras naturais que produzem serviços ecossistémicos fundamentais para o oceano e as nossas sociedades - como a retenção do carbono, a função de maternidade dos peixes e a protecção das costas. Estamos a falar das pradarias marinhas, dos mangais, e das barreiras de coral, das zonas de sapal, das florestas de kelp - tudo isto vai ser objeto de reparação. Da mesma maneira que percebemos há muitos anos que era preciso reflorestar a natureza, temos de fazer agora isso no mar. As pradarias marinhas, os sapais, os mangais absorvem mais carbono do que as florestas, em média, cerca de oito vezes. Têm enorme importância para a descarbonização e a luta contra as alterações climáticas."
Tiago Pitta e Cunha em entrevista a Teresa Firmino, Jornal Público, 8 de Junho de 2020.