terça-feira, 9 de junho de 2020

No Dia Mundial dos Oceanos...

         
Fotografia de Tânia Neves dos Santos 
      "Temos de mudar o paradigma da conservação para o paradigma da restauração. Preservar o que existe já não chega, temos de passar para uma lógica da restauração. Esta lógica implica uma mudança profunda  nas pescas a nível mundial, em termos de subsídio e monitorização, da gestão que tem que ser feita muito mais em co-gestão, com os pescadores a terem uma co-gestão, com os pescadores a terem uma responsabilidade dos stocks pesqueiros, que hoje em dia não têm.  Temos de voltar a regenerar as zonas costeiras, que são as mais martirizadas do oceano. Temos de pensar como podemos aumentar exponencialmente as zonas costeiras naturais que produzem  serviços  ecossistémicos fundamentais para o oceano e as nossas sociedades - como a retenção do carbono, a função de maternidade dos peixes e a protecção das costas. Estamos a falar das pradarias marinhas, dos mangais, e das barreiras de coral, das zonas de sapal, das florestas de kelp - tudo isto vai ser objeto de reparação. Da mesma maneira que percebemos há muitos anos que era preciso reflorestar a natureza, temos de fazer agora isso no mar. As pradarias marinhas, os sapais, os mangais absorvem mais carbono do que as florestas, em média, cerca de oito vezes. Têm enorme importância para a descarbonização e a luta contra as alterações climáticas."

Tiago Pitta e Cunha em entrevista a Teresa Firmino, Jornal Público, 8 de Junho de 2020. 

Olof Palme: o Sonho da Social-Democacia!


Há mais de três décadas que foi cometido o homicídio de Olof Palme, primeiro-ministro sueco, à porta do Grand Cinema, na cidade de Estocolmo, na Suécia. O crime deu-se pelas costas quando se encontrava acompanhado pela sua mulher à porta do cinema. Passaram-se, assim, muitos carnavais e até hoje ninguém foi capaz de deslindar o autor dos disparos. As investigações já trouxeram mais de cem autores confessos de quem não se obteve qualquer prova evidente. Segundo os jornais de hoje, a polícia sueca tem novidades para os dias que se avizinham e encerrar o caso. Entretanto, a Europa parece lentamente recuperar esse testemunho de uma social-democracia avançada, sob o signo de Palme e Willy Brandt. Sobre Olof Palme, sabemos que foi um primeiro ministro que saía à rua sem guarda-costas e que ia muitas vezes ao cinema de metro. Conhecido pelo seu exemplar serviço e dedicação à causa pública, simboliza ainda hoje o exercício e a prática do que melhor ficou da social-democracia. Defensor do Estado Social que deve assegurar o Serviço Nacional de Saúde e da Educação aos seus concidadãos, tal como o cuidado e a protecção aos mais velhos, o reforço da educação das crianças e adolescentes, o auxílio aos mais desfavorecidos, a garantia de igualdade entre homens e mulheres bem como a protecção das minorias. Mesmo assim, Olof Palme está a precisar que alguém trilhe os seus passos, aprofunde o seu pensamento, arrisque ir mais longe na justiça de um mundo melhor. Em vida, acreditou no fim do apartheid na África do Sul, combateu o avanço nuclear, foi defensor do Exército de Libertação da Palestina e esteve ao lado da Cuba de Fidel Castro contra o embargo americano. Em plena Suécia capitalista, acreditava na defesa integral de direitos de quem oferecia a sua força de trabalho. Era um homem que se entregava de corpo e alma ao bem comum…será que se enganou?

Excerto de"Vista Desarmada", por Lígia Soares

           "(...)A linguagem fez-se por comparação. Não temos culpa. Sabemos que somos diferentes das árvores porque nos comparámos, e assim queremos ficar. Diferentes por comparação, isto é, mais bronzeados com mais firmeza e por mais tempo. Se não estamos perdidos.
           Teremos de olhar tudo do início outra vez. Como cientistas. Como aqueles que continuam a abrir hipóteses, a perguntar porquê.
               Os cientistas, quem é que quer saber deles?
           Dizem tudo tão explicadinho, tudo com tanta falta de estilo, e depois querem ser ouvidos. Não fora algumas estrelas de Hollywood que se vão dando ao trabalho de divulgar na internet entre uma outra fotografia na carpete..."
 in Gerador, Janeiro de 2020. 

Documentário, Cinema do Real?

           «O documentário puro não existe, tal como a ficção pura também não existe. É importante lembrarmo-nos disso: de que há sempre alguém por detrás de uma câmara. Que ela não dispara sozinha, que ela não escolhe o ângulo para ver e dar a ver o mundo.»

                                                            Luís Mendonça, in "Revista Gerador", número 29, Janeiro de 2020.