quinta-feira, 10 de julho de 2014

Boca Aberta

mergulha então por dentro de ti
no mar é onde se erguem os barcos com
suas proas femininas seus dorsos
esquivos no mar se convocam os ventos
alguém chama por ti no silêncio
ondas incham e desincham velas
cantam a canção do desejo oculto
entre as palavras só falta ao corpo
um mastro um rosto um poema
uma vírgula húmida um leme
para rasgar o mar uma língua
para lamber o sal que há nas coxas


Paulo Ramalho

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