domingo, 2 de dezembro de 2018

Cá Dentro Sou Eu que Mando

Não vislumbro qualquer veleidade em ser poeta profissional 
o cuidado do livreiro em estantes devidas
com letras em série exibidos nas livrarias
lidos por leitores com óculos de vidro de garrafa
ou outros mais expeditos a praticar comparações


O que eu sempre quis e sem qualquer tipo de redundância

é dar resposta a esta forma de me sentir à parte
afastado de qualquer verso, rima ou metáfora 
a intransigente angústia perante o inefável
fúria infinda de trazer calçado nas ruas 
uma meia de cada cor sempre comigo 
como se tivesse há muitas, muitas luas 
seis curtos e inolvidáveis anos 
o olhar incrédulo de minha mãe para gritar: 
"-Cá dentro sou eu que mando!"

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