"Comecei por dar pelo desaparecimento no meu bairro, depois na Baixa, nas lojas que antigamente chamávamos "de revistas" e também nas livrarias que sobrevivem. Mas fora de Lisboa é igual ou pior. Em dezena e meia de cidades e vilas portuguesas tenho deambulado sem encontrar imprensa à venda, os quiosques exibem agora postais e canecas, as estações de comboios diminuíram radicalmente os títulos disponíveis, algumas bancas cortaram com a imprensa estrangeira, os fiéis morreram. explicam-me, e os jovens não têm esse hábito.
Há anos que uso a mesma frase quando me abasteço de jornais e revistas, sobretudo ao fim-de-semana ou em férias: "Se a imprensa acabar, a culpa não foi minha". Bem sei que dizer "imprensa" é limitativo, que há imprensa não-escrita, jornais digitais. Bem sei. Mas eu pertenço à última geração para quem comprar jornais em papel, e ler jornais, ficar a ler os jornais durante um bom tempo, é uma evidência e uma necessidade. Ler jornais, para mim, é uma actividade urbana, indestrinçável dos cafés e esplanadas, dos encontros e das conversas, do bulício, da vibração de uma cidade."
Há anos que uso a mesma frase quando me abasteço de jornais e revistas, sobretudo ao fim-de-semana ou em férias: "Se a imprensa acabar, a culpa não foi minha". Bem sei que dizer "imprensa" é limitativo, que há imprensa não-escrita, jornais digitais. Bem sei. Mas eu pertenço à última geração para quem comprar jornais em papel, e ler jornais, ficar a ler os jornais durante um bom tempo, é uma evidência e uma necessidade. Ler jornais, para mim, é uma actividade urbana, indestrinçável dos cafés e esplanadas, dos encontros e das conversas, do bulício, da vibração de uma cidade."
Pedro Mexia in Quiosques, Revista Expressso, 4 de Março de 2022.
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