Fotografia: Tiago Rodrigues |
Entrar por Março e também pelo
mar adentro. Permanecer por ali, a ondejar com o peito completamente gelado e a
dominar a vaga e a esconder os pequenos dedos hirtos dos pés. Um corpo ocupa
demasiado espaço na água límpida por romper. Descerrar as mãos pela água
salgada, abri-las para acreditar que à superfície tudo é credível, por instantes
saber que são profundas as águas em que cada um se move e enfiar a cabeça nesse
abraço e em todo este azul em redor. Daquele lugar guardar-se-á quase todos os
mergulhos que ficaram por dar neste inverno fugidio e com o monte defronte só
dá para espreitar o fundo destas águas, que são límpidas, realmente cristalinas. E a espuma é como se fosse um sopro no
interior dos pulmões, em silêncio, onde podemos viver e mergulhar durante mais algum tempo. Respiramos. O mês de Março pode começar.
Sem comentários:
Enviar um comentário